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Parque Jurássico 17: O Regresso…

Apesar de se dizer para aí que esses lagartos terríveis conhecidos como dinossauros foram animais que dominaram a Terra durante mais de cem milhões de anos, confesso nunca ter ouvido falar deles nem em criança nem na adolescência. É verdade, nunca tropecei em nenhum ao ir para a escola e nem reparei nos bichos. Hoje, qualquer “puto” de cinco anos “dá-me dez a zero” na matéria e sabe que os havia com o tamanho de um gato ou de uma enorme baleia, que andavam em duas ou quatro patas e que uns eram herbívoros inofensivos, mesmo que gigantes como o “braquiossauro” com umas boas oitenta toneladas, enquanto outros eram carnívoros e caçadores impiedosos, sedentos de sangue como o “T-Rex” e o “Tiranossauro” (ao que parece, já havia tiranos na altura…). Dinossauros são lagartos que cresceram mais do que aquilo que seria de esperar. É como aquele que comprou um cachorrinho lindo, levou-o para o apartamento mas o estúpido do bicho não parou de crescer até sobrar cão e faltar apartamento. E se esse “maduro” tivesse levado um ovo de “braquiossauro” e passasse o dia a chocá-lo com cobertores e botijas de água quente? Só iria descobrir que tinha um problema quanto “partes do animal” saíssem pela janela, não? Dinossauros também são sinónimo de garras enormes, excelentes para tirar a cera dos ouvidos, as ranhetas do nariz e coçar as costas…

Mas, há quem diga que se extinguiram. E, não se sabendo bem “quem foi o culpado por tal mortandade”, entre várias apostas, a maior é no Evento do Impacto, um asteroide que se “estampou” contra a Terra na península do Iucatão, no México, há 65 milhões de anos, formando a enorme cratera de Chicxulub e cobrindo o planeta de poeira durante longo tempo. Dizem que a crise na Terra durou cinco milhões de anos, fazendo com que se extinguissem (nós temos uma crise com meia dúzia de anos e já estamos todos meios mortos por não nos adaptarmos às “mudanças do clima”…). Assim morreram dinossauros e toda a bicharada que havia por cá, ficando este planeta “em cacos”, totalmente destruído, com aquilo a que chamaram “inverno nuclear”. Mas há mais teorias que não vou aqui explanar, senão o diretor do jornal manda-me pentear macacos por estar a ocupar espaço demais… Bom, só conto uma que ouvi há poucos dias: A Teoria das Pedras, isto é, de que os dinossauros foram comidos por pedras. Sim, por pedras. E a prova disso é que para se encontrar um, tem de se partir uma pedra, às vezes bem grande… Aliás, alguns foram engolidos por pedreiras, que se tornaram muito valiosas, a tal ponto que há uma para os lados de Fátima que rendeu uns milhões só por ter pegadas. Olha se tinha dinossauros…

Os paleontólogos, aqueles que andam à caça de pegadas, ossos, ovos e dentes fossilizados (há caçadores com cada gosto…), dizem que os dinossauros estão extintos há milhões de anos e que, como não foram enterrados num cemitério conhecido, para apanhar o que resta deles “dá uma trabalheira danada”. Mas que morreram todos, morreram…. Ora, eu até costumo acreditar nos cientistas, gente que estuda e sabe mais do que eu, mas isto de que morreram todos, custa-me a engolir. E vamos lá a ver quem tem razão.

Lá para os lados da Lourinhã foi descoberto o crânio de um suposto dinossauro. Juntaram-se os paleontólogos, os melhores especialistas mundiais para o identificarem, mas não chegavam a conclusões. A curiosidade fez com que um velho aldeão que por ali passava se juntasse ao magote de gente e desse uma espreitadela. Mal olhou, deu logo a sua sentença: “Olha o tetravô, não sei se do Mário Soares se do Mota Amaral”… Isto pôs-me de sobreaviso. E foi então que soube estar eminente o regresso de velhos “dinossauros” que se julgavam extintos, para se candidatarem às eleições autárquicas de 2017… Quem pensou que estavam mortos, desengane-se. A lei da limitação de mandatos que, inicialmente, se pensava ser o “inverno nuclear” para os “dinossauros da política”, não passou de um “outono ameno” que só os fez hibernar por quatro anos e, mesmo assim, só para os que não quiseram fazer como os “saltões” da minha infância (que passaram a gafanhotos quando cresci), saltando de autarquia em autarquia (há quem lhes chame outros nomes…), para tornear o tal inverno. Diz-se que muitos deles nunca fizeram nada na vida, absolutamente nada mas, ao que parece, alimentaram-se da política “anos a fio”. Nasceram disfarçados de cidadãos, medraram à custa de múltiplas influências nas freguesias e principais instituições do concelho, e cresceram, cresceram. Somam muitos mandatos, uma legião de seguidores incondicionais, encobrem uma trupe com maus hábitos e poderes secretos. Talvez por estarmos no verão, com as temperaturas em alta, acordam da hibernação e dão sinais de vida, como que num pré aquecimento para as autárquicas do próximo ano. Marcam território. Sim, os “dinossauros” andam por aí, disfarçados, adormecidos para os julgarmos mortos e extintos, mas vão aparecer como “dragões” cuspindo fogo, se bem que vão dizer-nos serem promessas… Têm o sonho de serem perpétuos, como os jazigos, porque o fantasma da extinção ensombra a vida de qualquer “dinossauro”. E os “diretores do circo” anseiam desenterrar os seus “dinossauros”, apelam ao seu regresso para conquistarem público, lugares e poder, com a “miragem” de que só os seus nomes farão tremer adversários, cair obstáculos, criar ondas de vitória.

Pensando bem, não são as crianças quem mais gosta de dinossauros?

Créditos e vida mais longa…

Um amigo costumava dizer-me com ar sério que, “qualquer homem que consiga aturar a mulher durante cinco anos, tem o direito ao céu”. Então, eu pensava cá para mim: “Aos anos que aturas a tua, já tens direito a oito… Mas, como quando fores desta para melhor só vais precisar de um, deveria ser-te concedido um crédito de sete céus sem que isso te retire o lugar que já tens assegurado (?) num recanto feliz do Além”… E eu imaginava o direito a esse crédito ao lembrar-me do livro “A Maravilhosa Aventura” do escritor italiano Dino Segre, mais conhecido por Pitigrilli. Ali se conta a história de um homem que foi condenado injustamente por um crime que não cometeu e foi parar à prisão. Só quando anos mais tarde o verdadeiro culpado confessou ter sido o autor do crime, é que veio a ser reconhecida a sua inocência e libertado. Então, para ser ressarcido dos anos que lá passou, pediu ao juiz que lhe concedesse um crédito desse tempo por forma a que, sempre que viesse a cometer um delito qualquer de que resultasse prisão, em vez de cumprir a pena esta lhe fosse descontada na conta. O juiz concordou com a pretensão. A partir daí, sempre que cometia uma infração e as autoridades o prendiam, ia ao juiz e era imediatamente libertado, sendo o tempo da pena descontado nos anos que tinha a haver. Isso fez com que, a partir de certa altura, as autoridades locais já cansadas de o prender e ter de libertar de imediato, passaram a “fazer vista grossa” às infrações, tornando-se o crédito uma espécie de salvo conduto para cometer ilegalidades e infrações sem que daí viessem consequências. E o mesmo seria devido ao meu amigo pois, com sete céus a haver, podia “m. fora do penico” por conta do crédito que possuía…

Os créditos fazem-me lembrar as novas regras das cartas de condução. Sem termos feito nada por isso, nem de bom nem de mau, foram-nos concedidos doze pontos. Também aqui podemos fazer alguns desvarios e cometer ilegalidades, que as penalidades aplicadas serão abatidas à nossa “conta” pessoal. Tudo bem, é provavelmente a única forma de travar a tendência para prevaricar, para ultrapassar os limites de velocidade e o teor de álcool no sangue. Só acho que os condutores exemplares deveriam ser premiados todos os anos com alguns pontos de crédito por bom desempenho. Seria justo. De outra forma, como o único crédito possível são uns míseros três pontos ao fim de três anos, a lei praticamente não beneficia o cumpridor.

Esta conversa veio à “baila” porque assisti recentemente a um colóquio sobre a evolução da população portuguesa e duas ideias se confirmaram. A primeira, é que estamos com um grave problema de envelhecimento. Há cinquenta anos as crianças eram o maior grupo etário em Portugal e, há medida que se subia na idade o número de pessoas ia diminuindo, fazendo com que a escala etária fosse uma pirâmide perfeita. Hoje, a base da pirâmide onde estão representadas as crianças encolheu de forma muito significativa pela redução da natalidade enquanto lá em cima, aumentaram os idosos como eu e o topo tem-se vindo a alargar. Isto quer dizer que daqui a vinte ou trinta anos a pirâmide demográfica estará invertida com poucas crianças e muitos velhos. Sem dúvida, vamos ser um país de velhos… a não ser que os casais jovens acordem e alterem este filme. Como? Fazendo filhos. Menos entretenimento e mais trabalho caso contrário, não vão ter netos, não vão ter reformas, nem vão ter quem tome conta de si. Dediquem-se já à função…

A segunda ideia é unânime, de que as mulheres vivem em média mais seis anos do que os homens. Sempre foi assim. Ainda esta semana uma senhora me dizia que só no lugar onde mora há mais de uma dúzia de viúvas de meia idade. O facto das mulheres durarem mais tempo do que nós tem merecido os mais diversos estudos e explicações, tanto de cientistas como de cidadãos comuns e até de imbecis. Ora, há quem atribua essa maior durabilidade às “pilhas. Serão Duracell? Outros, dizem que tal se deve à “ruindade das mulheres”, confirmando-se assim a sabedoria popular que “prato ruim não cai abaixo do louceiro”. Explicam até que “os bons (e falamos dos homens) morrem mais cedo, antes que se ponham maus, enquanto os maus (claro, as mulheres) ficam por cá mais tempo para ver se passam a bons… Ao falar nestas coisas, uma das Teresas cá de casa disse-me com um sorriso que “os homens são como os perus: Custam a vingar”…

Muita gente acredita que os homens morrem mais cedo por… terem de aturar as mulheres. A ser assim, tem razão o meu amigo ao dizer que nós temos direito ao céu ao fim de cinco anos de “sacrifício”… Ora, se o motivo principal de vivermos menos seis anos do que elas for esse, tenho uma solução para os homens que queiram viver tanto como as mulheres:… “Casem com outro homem”. Mas, atenção, é um mero conselho baseado no ditado popular “olhem para o que eu digo e não olhem para o que eu faço”. Aliás, devo acrescentar que se esta for a única solução para vivermos mais tempo, tenho uma certeza absoluta: Vou morrer mais cedo…

Muito mais do que um jogo de futebol…

A vida ensina-nos (e obriga-nos) a jogar muitas vezes “à defesa”, para nos resguardarmos. Como qualquer pessoa que precisa de se cuidar, também o faço sempre que necessário. A última vez que “joguei à defesa” foi durante a final do campeonato da europa de futebol que ocorreu em Paris há dias e que nos trouxe uma alegria enorme, um misto de sensações como há muito não tinha. Instalei-me em casa no sofá, à frente da televisão, aparentemente tranquilo mas, ao fim de alguns minutos de jogo e já com Ronaldo combalido do toque que sofrera, achei por bem mudar de canal… e mais tarde saberia o resultado. E foi assim que, eu e a Luísa, ficamos protegidos da tensão em que estaríamos a ver um jogo daqueles, ao longo de cento e vinte minutos, com os nervos à flor da pele.

Saltando de canal em canal, uma daquelas coisas que não gosto de ver quando é outro a ter o comando na mão, acabei por ver um filme sobre a história real do estudante e jogador de futebol americano Ernie Davis, o primeiro afro-americano a ganhar o Troféu Heisman, o mais importante prémio para o melhor jogador daquela modalidade universitária. Nasceu na segunda década do século passado no meio da pobreza e com dificuldades agravadas após a morte do pai quando ainda era criança. Numa América muito racista, sujeito ao racismo dos vizinhos, só quando se mudou com a mãe para Nova Iorque e se dedicou ao desporto é que veio ao de cima o seu enorme talento com a bola oval. E foram essas qualidades que o levaram a integrar a equipa de futebol americano da Universidade de Syracusa, pela mão do lendário treinador Ben Schwartzwalden, tendo-se tornado num dos maiores jogadores da história na sua posição. A sua integração não foi nada fácil e era evidente a segregação racial na própria equipa, onde só existiam mais dois negros. Mas, o seu desempenho extraordinário como jogador, fez com que viesse a ser aceite entre os “brancos”. Depois de fazerem uma série de jogos só com vitórias, tiveram o confronto final no Texas, um dos estados mais segregacionistas do país. A pressão racista manifestou-se logo no hotel onde nem sequer foi admitido e acabou por ficar separado dos colegas brancos. Essa pressão viria a atingir o pico já no estádio, com ameaças não só a ele mas a toda a equipa pela aceitação de negros. Foi neste contexto que, depois de marcar alguns pontos, colocar a sua equipa na frente e de ter sido massacrado intencionalmente por dois defesas para o “arrumarem” do jogo, o treinador entendeu substitui-lo para o proteger. Ausente do jogo, os adversários viriam a recuperar. No último intervalo, pediu ao treinador para voltar ao campo, acabando por levar a equipa à vitória apesar do ambiente hostil. O que mais retive de toda a sua história, foi o discurso emotivo e dramático do treinador aos jogadores durante o último intervalo, apelando à união do grupo, ao esforço físico e mental de cada um até ao limite alegando que, o que estava a ser jogado em campo não era um simples jogo de futebol americano que decidiria quem seria o vencedor da competição. Era muito mais do que isso. E os jogadores compreenderam… e ganharam.

Não pude deixar de pensar nas muitas semelhanças entre a história do filme que passou naquele canal, onde fui parar por mero acaso, e o jogo de futebol entre Portugal e a França. Coincidência premonitória? Não sei o que Fernando Santos terá dito aos jogadores antes do jogo e nos intervalos, que argumentos usou para os motivar porque, nestes momentos, a motivação é essencial. Seguramente o fez, ele que sempre acreditou na conquista do título. A verdade é que nesse jogo da final de Paris naquele estádio estava muito mais em jogo do que saber simplesmente quem marcaria mais golos e quem levaria o “caneco” para casa. Na mente de milhões de portugueses estavam outras razões para além do resultado. Em causa estava também a vontade de provar que não somos “cidadãos de segunda” a viver e trabalhar num país mais rico do que o nosso, aceites muitas vezes mas… para ficarmos no nosso lugar. A discriminação pratica-se de muitas formas… Em causa estava provar que as ofensas difundidas pela imprensa francesa, eram incompatíveis com o tão apregoado slogan de “liberté, egalité, fraternité”. Em causa estava provar que o “caneco” seria de quem o ganhasse em campo e não de quem tivesse melhor “nota artística”. O “futebol nojento” e as “favas contadas” não passavam de arrogância própria de quem “não pode nem sabe perder”. Em causa estava a desforra daquela semifinal da década de oitenta e de outros confrontos mais recentes. Mas, acima de tudo, neste jogo estava em causa a possibilidade de todos os portugueses se sentirem orgulhosos do seu país, da sua história, dos seus, o que era bem evidente na alegria incontida dos nossos emigrantes, pedaços do país espalhados pelo mundo. E foi por isso que a grande maioria dos portugueses desejou esta final com os franceses e com mais ninguém, na sua terra, na sua capital, com os holofotes mundiais ali apontados. Para podermos provar que somos tão capazes como eles, tão dignos de conquistas como eles, tão merecedores do respeito dos outros como eles, mesmo que sejamos tidos por mais pobres… E PROVAMOS…

Solução estúpida de gente irresponsável…

Não adianta, as pessoas não aprendem nem querem aprender. Por mais que se lhes diga que um animal não é uma coisa, não conseguem interiorizar isso. Por isso, continuam a comprar animais por impulso, por capricho, porque é bonito. Num momento de entusiasmo, viram aquele cão que mais parecia um urso de peluche e, ao pedido dos filhos ou da vaidade dos pais, há que comprar o cachorro, pois vai ficar bem lá em casa… E é uma festa. As crianças batem palmas, dão-lhe colo, pegam-se umas com as outras na disputa do privilégio de mais tempo com o bicho. Os pais, ficam babados perante o entusiasmo dos filhos e, no seu íntimo, deram satisfação a um desejo recalcado que nunca conseguiram realizar na casa dos pais: Ter um cão. Esqueceram-se de um pormenor, aliás, dois: O primeiro, é de que vivem num apartamento de espaço reduzido. O segundo, é que aquela bola de pelos não é mais nem menos que um cão duma raça que cresce bastante: Um pastor alemão. Apesar de lindo, de orelhas espetadas. Mas isso não foi equacionado na compra, nem nos primeiros tempos, em que o que contava eram as brincadeiras com aquele “boneco de pelos”. Até mesmo quando o animal fazia as suas necessidades em locais menos apropriados, havia sempre uma desculpa para não valorizar o incómodo. Mas, há medida que os dias iam passando, que as necessidades diárias do cachorro tinham de ser satisfeitas, a graça e a piada da “bola de pelos” começaram a diminuir, até serem uma maçada, uma chatice. Ter de limpar todos os dias os dejetos que ele insistia em largar aqui ou ali, como granadas em campo de tiro, passou a ser um tormento. E então, surgiu uma “ideia luminosa”: Para que o animal não sujasse tanto, havia que lhe cortar na comida pois “quem pouco come, pouco c.”. Se assim o pensaram, melhor o fizeram. A ração encolheu para metade e, depois, menos ainda. E o cão reduziu o “cocó”, mas não de vez… Nessa “atitude tão inteligente”, esqueceram-se de olhar para o animal e de reparar no seu estado. Foi emagrecendo, emagrecendo, até ficar pele e osso, embora o pelo grande escondesse as “misérias”. Porém, o corte não foi suficiente para que o animal deixasse de sujar. Só fico admirado por “gente tão inteligente” não se ter lembrado de “enfiar” uma rolha num certo buraco do bicho… Assim, tapava de vez. E para o outro, aquele que fazia com que ele “regasse” todos os dias a porta da entrada? Podiam descobrir a solução no que se passou na urgência de um hospital público e aplicar a receita ao cachorro: Um homem entrou no serviço de urgência acompanhado da esposa, com um problema grave no órgão sexual, muito inchado e negro. Os técnicos de saúde preparam-se logo para o algaliar e fazer sair a urina mas alguém se apercebeu da existência de um fio pendurado na ponta do “instrumento”. Foi com surpresa que descobriram o seguinte: O homem tinha problemas de próstata que o obrigavam a ir muitas vezes à casa de banho durante a noite. A mulher, cansada de o ver levantar-se para fazer xixi e de ser incomodada, resolveu o problema amarrando-lhe o “saco” com um fio. E resultou… Mas esqueceram-se do “feito”, mesmo quando descobriram que “aquilo” estava preto e inchado… E, atenção, era gente com formação superior. Olha se não fossem…

Mas, voltando ao nosso cachorro, os donos acabaram por reconhecer finalmente que “era uma chatice” continuar com o animal no apartamento, não pelo animal mas pelos incómodos que causava. Tarde, muito tarde, pois provocaram-lhe muito sofrimento, desnecessariamente. Ver aquele cão de olhar triste, só pele e osso, esfomeado e sedento, meteu-me pena. Conta-nos uma história das misérias humanas. Fala-nos da irresponsabilidade e ignorância que grassa por aí e que só leis severas e convenientemente aplicadas podem ajudar a corrigir. Porque, não tenhamos ilusões: Não basta educar, é preciso criminalizar quem assim trata um animal. Mas as leis já existem? Já, só que não são aplicadas. Ao contrário de outros países onde atitudes como estas têm consequências – e lembro-me de um espanhol que foi condenado a prisão por atirar um cão pela janela, de uma brasileira que apanhou doze anos de cadeia por matar vários cães e gatos, de uma americana ir parar “à pildra” durante seis meses por pôr piercings no gato e até de um inglês ser condenado por deixar o seu cão engordar quinze quilos a mais que o peso recomendado – em Portugal, apesar de existirem leis, não se têm aplicado. Ao fim do primeiro ano, apesar das muitas queixas de maus tratos, foram aplicadas… cinco multas em dinheiro. E pequenas. Assim não vamos lá, os prevaricadores continuarão a agir como se nada tenham a temer, sentem-se impunes. E o sentimento de impunidade só dá força a quem pratica tais crimes, porque de crimes se trata. Neste caso, fazia-lhes o que fizeram ao cachorro: Cortava-lhes na ração para fazerem menos m., tal como o fizeram ao animal. Para sentirem na pele. E são tantos os que maltratam os animais e que depois os abandonam como lixo…

No meio disto tudo, duas notas de realce, dois pontos dignos de registo. O primeiro, foi o excelente comportamento do cachorro pois, apesar da fome e sede que passou, respeitou sempre os donos embora estes não o tivessem respeitado. Nunca os traiu, não os abandonou e nem deixou de manifestar alegria quando os via. O segundo, foi a transformação operada nos donos que nos permite dar como garantido que são realmente animais… irracionais, umas bestas. Sim, eles os donos. E o cachorro nem se apercebeu disso, na sua inocência, na sua fidelidade…