Entende-se por rotunda (ou intersecção giratória) um ordenamento geométrico com convergência de diversas vias numa praça central de forma geralmente circular à volta da qual se estabelece um sentido único de circulação com prioridade sobre as chegadas.
Normalmente são construídas nos pontos críticos ou pontos negros da rede rodoviária, quer em segurança quer em fluidez, e estão cientificamente comprovadas muitas das suas vantagens, maiores nas intersecções de mais de quatro vias, desde ganhos de segurança, moderação da velocidade, ordenamento da circulação e elevada redução de acidentes, à redução do ruído, dos consumos, etc..
Tal como aconteceu com as feiras exposição e depois com as rádios locais ao virarem moda há uns anos atrás, não havendo concelho que se prezasse que não tivesse uma, recentemente foram as rotundas que se tornaram uma manifestação de prestígio, independentemente do seu custo e da sua real necessidade.
Ninguém sabe quantas rotundas existem em Portugal, mas sabe-se que houve gastos consideráveis neste tipo de infraestruturas, nalguns casos sem qualquer interesse para a circulação, às vezes uma manifestação de vaidade autárquica e uma visão provinciana de ordenamento de trânsito.
A título de exemplo, em 2010, nove concelhos do interior gastaram dois milhões de euros em dez rotundas, e vinte e dois concelhos tinham 422.
Construíram-se muitas, necessárias ou não, quase todas redondas, em muitos casos ajardinadas, com esculturas, lagos e chafarizes, muita água e muita luz.
Também houve quem destruísse uma ou outra, mas foi caso raro.
Sabe-se também que a manutenção de algumas chega a ser mais cara que o seu próprio custo de construção. Mas não é problema pois, como se deu com alguns estádios de futebol do Euro 2004, “quem vier atrás que feche a porta”.
Mas não se julgue pelo que disse que estou contra as rotundas. Pelo contrário, reconheço que, onde eram precisas, foram uma boa solução porque resolveram e resolvem muitos problemas de trânsito.
Vem isto a propósito daquilo que deve ser considerado “um ponto crítico – ou negro – da rede rodoviária” no Vale do Sousa: a saída da A4 de Penafiel Norte, para a EN106 , ligação para o centro da cidade ou para Lousada e Guimarães.
É conhecido o elevado número de acidentes que ali ocorrem, com muitas vítimas e muito mais “lata” destruída. Já lá vi quatro acidentes e um deles muito grave, embora passe lá raramente.
Desde a abertura daquela saída da autoestrada que o número de sinistros é alto e por isso não se entende porque é que até hoje nada se fez, pelo menos de forma visível, para eliminar este “ponto crítico”.
Sendo leigo na matéria, permito-me opinar que ali sim, uma rotunda faria todo o sentido e seria a solução.
Já alguém me disse que isso era um problema das Estradas de Portugal e tive de lhe responder que não, que o problema era nosso, porque quem corre o risco ao passar naquela malfadada saída somos nós.
Por outro lado, se cem metros acima já há uma rotunda, porque será que se não pode construir naquela estrada outra um pouco mais abaixo, num ponto onde é mais precisa?
Que aquela saída da A4 é um “ponto crítico” ninguém tem dúvidas, que tem sido um ponto de sofrimento e perda para muita gente, é inquestionável.
A rotunda é uma das soluções possíveis. Mas, com rotunda, com cruzamento desnivelado ou com outra coisa qualquer, o importante é que seja feito algo para resolver o problema.
Ou então teremos de ficar à espera que ali morra o filho de um qualquer figurante mediático deste país para termos televisões a atropelarem-se e atropelarem-nos com notícias do acidente e ministros em romaria ao local para anunciarem solenemente a emergência da solução. Para o “ponto crítico” finalmente ser descoberto e banido.