O nosso mundo está cheio de animais incríveis. Inteligentes, velozes, furiosos, extraordinários, belos e com uma série de qualidades que deixa qualquer um espantado. Ao pé deles, nós que nos consideramos a espécie “dona disto tudo”, afinal “estamos a milhas de distância” e sem hipóteses de nos podermos comparar. Mas agimos quase sempre como se fossem nossos inimigos e não parte integrante do mundo em que vivemos, nós e eles, com o mesmo direito de existir. Basta pensar que somos o único animal que mata “por prazer, por desporto ou até porque sim”. Todos os outros matam para comer, para se imporem como líderes da manada ou como final do ato sexual de reprodução.
Se fosse por uma questão de tamanho, estamos longe do urso polar com os seus 700 quilos e 2,60 metros de altura, para não lembrar o elefante marinho nos seus 3,50 m e 5 toneladas e a muitas milhas da baleia azul e dos seus 30 metros de comprimento e 160 toneladas de peso, apesar de se alimentar só com uma “dieta light” de peixinhos e pequenos crustáceos – nada de doces. É obra. Se for pelo olfato, nós não conseguimos apercebermo-nos se temos água a 2 ou mesmo a 1 metro de distância, enquanto os elefantes são capazes de a farejar a 20 quilómetros. E sabe-se que as mariposas detetam fêmeas virgens a 11 Kms. Como é possível?
Usain Bolt foi o homem mais rápido do mundo durante apenas 100 metros de distância, que correu à velocidade de pouco mais de 37 quilómetros por hora. Mas a chita (guepardo) alcança os 115 Km por hora e é capaz de atingir os 100 km/h em apenas 3 segundos, feito comparável aos carros mais potentes do mundo. E se pensarmos que o falcão peregrino chega a alcançar em voo picado velocidade de até 330 kms/hora, nem queremos acreditar. Já os albatrozes conseguem percorrer 300 Kms por dia em voo planado aproveitando a energia do vento e sem necessidade de bater as asas. Preguiçosos espertos …
Nós, seres humanos, temos de usar protetor solar quando expostos ao sol, para evitar queimaduras. E compramos toneladas de produtos para nossa proteção. No entanto os hipopótamos apesar de também precisarem de proteger a pele, fazem-no segregando o seu próprio filtro solar, o que é mais prático e económico. Não devíamos ter a mesma capacidade?
Se um cachorro molhado consegue sacudir 70% da água do seu pelo, porque será que eu, por mais que me abane depois do banho, só tiro 10% ou menos? Já as girafas segregam um odor corporal potente, que melhora a sua vida social ou seja: quanto mais o macho fede, mais saudável e atraente parece ao outro sexo. É a atração pela negativa. Mas o Diabo-da tasmânia fede mais que qualquer outro animal, capaz de espantar qualquer inimigo. Afinal, o “chulé” tem alguma utilidade.
O basilisco é uma espécie de lagarto que vive perto de rios e lagos e
a sua característica mais famosa é a habilidade de correr sobre a água sem se afundar, coisa que nenhum homem é capaz de fazer. Já o besouro-hércules é considerado o ser vivo mais forte do mundo, pois consegue carregar até 850 vezes o seu peso. Para me comparar a ele, teria de ser capaz de aguentar cargas de mais de 62 toneladas. Ao pensar nisso, sinto-me “esmagado”. As baratas têm a reputação de ser a espécie com mais probabilidade de sobreviver ao apocalipse. Por mais incrível que pareça, conseguem resistir à decapitação e viver semanas sem cabeça. O mais próximo que estamos é quando nos perguntam “onde é que tinhas a cabeça quando fizeste isto”?
O record do salto em altura pertence ao cubano Javier Sotomayor há mais de 30 anos, quando alcançou a proeza de saltar 2,45 m, mas que é cerca de metade da capacidade que o puma, conhecido no Brasil como onça-parda, atinge ao chegar a 5 metros, fruto do impulso das suas longas patas traseiras. Mas há uma cigarra que salta 400 vezes o seu tamanho. Imagina um atleta a saltar 200 metros de altura? Ora, o camaleão não salta, mas destaca-se pela capacidade de se camuflar ao mudar de cor para se confundir com o ambiente onde se encontra e pode mover um olho para cada lado de forma independente. A arte de camuflagem já muitos seres humanos têm, fazendo-se passar pelo que não são, mas a outra bem necessária nos seria nalgumas alturas para “ter um olho no burro e outro no cigano”.
Estamos muito distantes de ter a visão das águias e dos gaviões, de ter a beleza de muitas aves e até do leão branco com os seus olhos azuis. Conseguimos até gritar, mas não tão alto como o bugio da América Central que se faz ouvir a 5 quilómetros de distância. Não temos a capacidade de ecolocalização que permite aos morcegos orientarem-se no escuro, nem a de algumas rãs que podem ser congeladas e depois de descongeladas continuarem vivas, tal como as de muitos outros animais que habitam este planeta, onde o mosquito, esse inseto minúsculo, é tido como recordista de mais mortífero da Terra pois chega a matar mais de um milhão de pessoas por ano, não diretamente, mas através dos vírus e outras doenças que transporta e transmite aos seres humanos. Mas, todos nós sabemos que existe um animal muito mais perigoso: O ser humano. Apesar da inteligência, humanidade, sensibilidade, solidariedade e tantas qualidades que temos enquanto seres, causamos o declínio, a destruição e até a extinção de muito mais espécies que qualquer outra forma de vida. Reduzimos o rinoceronte de Java a um dos mais raros mamíferos da Terra, pois já só existem menos de 60. Colocamos à beira da extinção o coala, a onça pintada, a baleia-azul, o gorila da montanha, o pinguim africano, o urso polar e tantas outras espécies com a nossa febre de caçadores insaciáveis. Talvez agora esteja na altura de estabelecer um novo record: O de sermos capazes de salvar da extinção o maior número de espécies, para garantir que no futuro continuaremos a desfrutar do convívio dessa infinidade de animais incríveis, não só nós, mas as gerações que se seguirão através dos tempos …