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A missa de sétimo dia…

Tinha trinta e três anos quando foi a “enterrar”, muito jovem para um homem, muito cedo para o que quer que seja, perante o olhar incrédulo de uns e o choro de outros (especialmente dos credores, daqueles que viram o seu dinheiro desaparecer com ele). Nasceu na Madeira “acarinhado” por um pai trabalhador que viria a falecer quando ele ainda só tinha vinte e oito anos, deixando-o “órfão e perdido” neste mundo cruel. Talvez por isso, começou a ter problemas de “saúde” que a família foi escondendo, não sei se por vergonha (há “doenças” que se escondem pelas mais variadas razões…) ou se com receio de ser “descriminado” pelos portugueses que com ele “trabalhavam”. Os “médicos” que tinham a função de cuidar da sua saúde, diagnosticaram-lhe “doença grave” que exigia uma operação urgente. Acabou por se realizar numa “intervenção cirúrgica” que exigiu uma grande “transfusão de sangue” realizada pelos “médicos” do estado, muito cara por sinal mas que nem se questionou porque seria paga pelos “camelos do costume”. Veio-se a saber tempos depois que tal “operação” não foi suficiente para debelar os “males” de que padecia, acabando por ter uma “recaída profunda” e “morrer” de forma imprevista e fulminante, perante o olhar de espanto dos que com ele trabalhavam. Os seus “restos mortais” e todas as “joias e bens” foram entregues a um “familiar” de nacionalidade espanhola, segundo rezam as crónicas “por tuta e meia”. Não teve direito a “velório”, sendo enterrado em campa rasa para que fosse esquecido o mais depressa possível, o que não tem sido fácil para muita gente que “sofreu na pele” com o seu desaparecimento.

Realizado o “funeral”, “enterrado o corpo” e entregues os “anéis” aos espanhóis, quando se pensava que nada mais haveria para “homenagear o falecido” e nos fizesse relembrar da sua existência terrena “tão cara” para todos nós, um grupo de “cangalheiros” que não tinha marcado presença no “enterro” resolveu “celebrar a missa de sétimo dia” pelo “falecido”, aquele ato onde se fazem todo o tipo de perguntas estúpidas aos familiares ou àqueles que com ele privaram nos últimos tempos de vida, uma forma de fingir interesse por “quem partiu desta para melhor”. A esse ato cerimonial resolveram chamar de “comissão parlamentar ao banco Banif”, uma “missa de sétimo dia” pelo “falecido” que, tanto quando dizem as más línguas, foi “mandado executar” por um grupo de “mafiosos” sediados em Bruxelas, os verdadeiros “donos disto tudo”. A “missa” já vai longa e, ao que parece, está aí para lavar e durar…

Ora, alguns dos que participam nessa “celebração” perguntaram a um dos “médicos” que tratava da saúde do “falecido” depois da morte do seu progenitor, se lhe tinha notado algum problema “físico” mas, aquele foi peremptório ao afirmar que durante o tempo que o teve à sua responsabilidade nunca manifestou sintomas de qualquer “doença”, pelo contrário, diria até que parecia “vender saúde”.

Do “médico” que acompanhou o “doente” a quando da “operação” executada pelo estado e que lhe valeu uma “transfusão de sangue” de muitos milhares de unidades, perguntaram qual seria a razão porque não tivera uma “boa recuperação” como era esperado. Lá foi dizendo, com as lágrimas a correrem pela face que, para ele, a “convalescença” estava a decorrer muito bem até ao momento em que os tais “homens de Bruxelas” o mandaram “abater” sem admitirem reservas nem alternativa, o que lhe provocou um grande choque. Com ar consternado como convém nestes momentos também estava o “chefe da polícia” local, também conhecido por GBP, que tinha como missão controlar o “falecido” e o tratamento” que os “médicos” lhe davam. Acusado na praça pública de ter falhado nessa supervisão (tal como o seu antecessor o foi noutras supervisões, noutras “mortes”, que deram em que fosse “condenado ao degredo” no estrangeiro, mais propriamente em Bruxelas, uma pena que ele suporta resignadamente, com muitas dificuldades e sofrimento…), só se defendeu dizendo “não ter culpas no cartório” e que se limitou a cumprir ordens dos seus “chefes de Bruxelas”, esses sim, uma espécie de “exterminadores implacáveis” que não tiveram contemplações com as dificuldades “respiratórias” do “morto”.

Um dos “familiares” quando questionado sobre as razões porque se escondeu o agravamento da “doença”, timidamente foi dizendo que a principal foi uma “infeção muito grave” que atingiu o “filho” do Brasil, infeção essa que acabou por contagiar o “pai” já fragilizado por outras “pancadas”, provocando estragos irreparáveis em toda a “família” e tendo-o deixado “sem ar”, incapaz de “respirar” sem estar “ligado à máquina”. Ora, como a “falta de ar” é geral, os “donos disto tudo” que comem frequentemente para as bandas da “Grand Place” em Bruxelas, deram ordens para “desligar a ficha”.

E, pergunta-se, como termina esta “missa de sétimo dia”? Como todas as outras celebrações do género: Os “médicos” dão as suas explicações para o agravamento da saúde e morte do “falecido”, escudando-se no “segredo profissional” para não revelarem o mais importante, os “familiares” vão para casa roer as unhas e chorar a herança vendida ao desbarato aos espanhóis e os promotores da “missa” ficam de consciência tranquila porque cumpriram a sua obrigação e fizeram passar a mensagem ao povo de que estão atentos a estas coisas, em defesa de todos nós. E ainda rezarão em voz alta: “Dai-lhe Senhor o eterno descanso”. E nós, em coro, responderemos: Amen.

É assim que qualquer um se “esbarra”…

Numa cidade do interior da Alemanha, o motorista de um autocarro parou a meio do percurso, levantou-se e, dirigindo-se a uma jovem de vinte anos que viajava nos lugares da frente, exigiu que trocasse de lugar ou saísse do veículo. Porquê? Pela simples razão de que o decote dela “ocupava” quase todo o retrovisor, deixando bem à mostra boa parte dos seios e colocando em risco a segurança do autocarro e passageiros. É que, o condutor em vez de ter os olhos na estrada só tinha olhos no retrovisor… Chocada, a visada foi apresentar uma reclamação na transportadora mas esta apoiou a decisão do condutor pois, segundo os regulamentos da empresa de transportes, em nenhuma circunstância os motoristas podem ser “distraídos” durante o exercício da função. Para um correspondente da BBC, o comportamento do motorista reforça a reputação dos profissionais alemães, considerados bem treinados, altamente disciplinados e preocupados com a segurança. Pois é, o homem já não estava seguro de si, de resistir à tentação de pôr “um olho na estrada e outro no decote”, se é que já lá não tinha os dois…

O decote pode ser uma arma poderosíssima para a mulher, sendo capaz de lhe conferir charme, encanto, presença, sedução e… poder, o poder de subjugar os olhos, os pensamentos, os desejos, os sonhos e sentimentos dos homens se usado convenientemente. E há para aí muita mulher que o sabe usar com “conta, peso e medida”. Pela sua importância para a mulher (se bem que é também “muito importante” para o homem, mas por outras razões), é objeto de estudos e investigações, existindo inúmeros especialistas na matéria para aconselharem quais os indicados em função do corpo e da ocasião. E tem de ser porque existem decotes em V, traçados, em V aberto, em V profundo (estes são sem dúvida os mais ousados e, por via disso, os mais perigosos, pois descem até um pouco antes do umbigo, havendo mesmo os que passam alguns centímetros abaixo desse “pequeno furo do corpo humano” se bem que, por todas as razões de segurança, nunca devem permitir que se “vislumbrem as Cataratas do Niagara”…), em gota, quadrados, redondos, à barco, em coração, cai cai, princesa, assimétricos, em coração, um sem fim de modelos. Daí a importância da escolha certa para poder exalar o poder persuasivo e insinuante que só um corpo feminino pode fazer.

Sobre este tema acho muito interessante um artigo de autor desconhecido, de que me permito transcrever algumas passagens: “O decote de uma mulher tem algo de mágico, de intensa feminilidade e fulgurante beleza. Não importa o tamanho ou formato dos seios, decotes simples enfeitiçam. Os decotes são instigantes, prometem, escondem, tentam e simplesmente fisgam os homens como se fossem moscas no mel mas que, na realidade, são cartões de visita, os verdadeiros cartões de visita da beleza de uma mulher. O decote produz curiosidade e mistérios. Deixa na cabeça do homem uma adorável dúvida sobre o que vai encontrar com o que puder ser mostrado. E então, começa a imaginar. E é aí que está a graça…

…O decote tem um quê diferente, uma coisa que se destaca, que atrai e desperta paixões. E como são misteriosos! Independentemente do tamanho ou do formato, como existe mistério nos decotes! E conversando com amigos sobre decotes, procuramos classifica-los segundo a nossa visão masculina… Existem os decotes inocentes, os puros, os estonteantes, os embriagadores, os atrevidos, os vulcânicos, os pagadores de promessas, os enganadores, os magníficos, os deslumbrantes, além dos que são extremamente apropriados para se esconder chaves e bilhetinhos com números de telefone… A verdade é que, vamos confessar, acidentalmente ou não, decotes fazem bem à saúde dos homens”…

Há alguns dias um amigo bastante mais novo do que eu, confessava-me que se sente cada vez mais constrangido ao conversar com algumas mulheres, por não conseguir olhá-las nos olhos enquanto se falam. É que os seus olhos, por poderes que não consegue controlar, desviam-se e vão fixar-se no decote sempre que é apelativo e tem “magia”… E só sai do “transe” quando ela faz um gesto de quem tenta tapar o peito. Como eu o compreendo…

É verdade que, regra geral, os decotes não são inocentes e visam sempre fazer com que a mulher se sinta mais bonita, mais satisfeita com o seu corpo e o seu visual. E não são apenas uma maneira de seduzir, de sensualizar, mas também de impor presença, gerar confiança, chamar a atenção dos homens e a inveja das mulheres, marcar território, enfim, uma infinidade de propósitos e às vezes até sem propósito nenhum. O decote, para além de revelar o estado de alma e a personalidade da mulher, pode “revelar dois mundos” iguais, “empertigados” na juventude, mais “caídos” com a idade (se bem que não faltam técnicas para os “erguer” de novo), umas vezes separados por extenso “vale” outras “esmagados” um contra o outro como se lutassem por espaço para sobreviver, revelando mais promessas do que as de “político em campanha eleitoral”. Os “tais especialistas” dizem que quando o decote desce a saia deve-o acompanhar, descendo. No entanto, há mulheres que em simultâneo fazem baixar o decote e subir a saia, um caminho que só vai terminar quando os dois se encontrarem. E então, nada mais haverá para “revelar”…

Está provado que o decote “provoca” e, por isso mesmo, provoca inúmeros “acidentes” ao “ofuscar” os olhares masculinos com o seu “brilho”, acidentalmente ou (quase sempre) não. E estou a lembrar-me de uma jovem verbalizar o seu interesse num rapaz tímido: “Vou fazer tudo para este nabo cair”. E fez, usando o decote como “argumento” de peso… Está claro que ele teve um “acidente fatal”… Como resultado de “estudos profundos” que tive sobre esta matéria e para que nenhum homem seja “apanhado” com os “holofotes focados num decote e em bloqueio total”, feito criança de olhos arregalados no brinquedo desejado, só me resta deixar um conselho amigo para os salvar desse embaraço: USEM SEMPRE ÓCULOS ESCUROS…  

Tudo não passa de uma grande hipocrisia…

Nos últimos dias tenho andado triste e até um pouco deprimido porque, ao contrário daquilo que eu desejava, o meu nome não foi mencionado como tendo conta bancária no Panamá, um dos paraísos fiscais onde qualquer cidadão comum desejaria também ter uma, sobretudo se for das “gordas”. Ainda esperava que entre os onze milhões e meio de documentos sacados à Mossack Fonseca aparecesse um só, um simples documento, comprovativo de que eu dispunha de “uma conta calada” num dos bancos daquele país e que os jornais e televisões de todo o mundo me anunciassem como detentor de dois mil milhões de euros, tal e qual o violoncelista russo… Ora, se um simples “tocador de rebeca” pode ter uma conta com tantos zeros à direita da vírgula, porque é que eu, um simples “tocador de campainhas de porta”, não pode ter também uma? Ver o meu nome a servir de título nos jornais e revistas e a abrir os telejornais das nossas televisões alimentava-me o “Ego” como ninguém imagina… A minha “cotação” subia no “mercado” não só em termos mediáticos mas também como homem de valor ou, mais propriamente, como “homem de valores”. Claro que teria também o reverso da medalha, expresso no tamanho da inveja… E, como consequência disso, seria acusado de todas aquelas coisas que se dizem de alguém que tem muito dinheiro como “anda a vender droga”, “faz parte de uma rede de tráfico de armas”, “pertence a um bando de ladrões” ou “é dinheiro de corrupção”, mesmo que não me conhecessem de lado nenhum nem soubessem o que fiz nem o que faço… Se fosse possível fazer uma sondagem aos meus detratores esta revelaria que 99,9% deles falavam por inveja pois, bem latente no seu íntimo, estaria o desejo secreto de serem eles os donos de tal conta. Olha se não…

Bom, também devo reconhecer que teria uma percentagem razoável de gente que me apoiaria com frases “motivadoras”, capazes de me animar e “levantar a moral”, algo como “aquele é que foi esperto”, “roubou-o em bom tempo” ou “se soube roubá-lo, melhor soube guardá-lo”. Como se compreende, ao ouvir e ver estes comentários “tão favoráveis” o meu coração enchia-se de amor e confiança na “humanidade”.

Se a muita publicidade ao meu (bom?) nome fazia crescer vertiginosamente a mediatização da minha imagem, isso seria efetuado muito à custa do grande sacrifício por ter de aturar o “enxame” de jornalistas acampados à porta de casa, tentando “sacar” umas fotografias ainda que de relance, registando qualquer palavra ou “rosnar” que eu proferisse por “atravancarem” o caminho e me impedirem de entrar ou sair e lutando entre si para que lhes concedesse uma entrevista exclusiva, um “furo jornalístico”.

Mas os dias vão passando e, apesar de irem revelando mais um ou outro nome, a “conta-gotas” (e a nossa coscuvilhice crónica precisa de ser alimentada, para além de “gulosarmos” com a queda de “figurões”), o meu nome não é anunciado para meu desespero…

Desejos à parte, a revelação dos “papéis do Panamá” não acrescenta nada de novo ao que já se sabia sobre “paraísos fiscais”, para além de trazer à luz do dia alguns (poucos) nomes de figuras públicas “insuspeitas”, entre um “reduzido” número de documentos se tivermos em conta que se referem a um único escritório entre milhares dos que se dedicam a tal atividade. Na lista está metida a gente mais diversa desde honestos e desonestos, políticos e traficantes, empresas reais e virtuais, ladrões e assassinos, empresários respeitáveis cumpridores da lei e golpistas ou caloteiros, uns exercendo atividades legais e outros vivendo à margem da lei. Mas tudo está no mesmo saco, todos são medidos pela “mesma bitola”… E então, por esse mundo fora a começar pelo nosso, assistimos a discursos inflamados de “virgens puritanas” que só o são porque não tiveram a oportunidade de “pecar” ou porque ainda não lhes foi “descoberta a careca”, cantando hinos à “transparência” que tanto defendem mas que bem no seu íntimo não desejam. Em suma, a hipocrisia do discurso politicamente correto… A vida é injusta? Claro que sim, quem o pode negar? E o mundo? Nem se fala… Se dentro de alguns países existem regiões ou estados com um sistema fiscal absolutamente diferente, desigual e injusto, paraísos fiscais num lado e alta carga tributária noutros criando disparidades e concorrência desleais internas, se dentro da União Europeia tal também acontece fazendo com que os capitais e as sedes de empresas se mudem para os “mais interessantes”, como é que alguém pode exigir a outros países e outras regiões que acabem com a sua condição de paraíso fiscal em nome da transparência e da equidade se nem sequer a defendem em sua casa? É que os benefícios de um verdadeiro paraíso fiscal são bem visíveis na qualidade de vida dos seus habitantes e o resto é conversa. Quem a quer perder? Será que a Suíça atingiu um elevado nível de vida só pela qualidade dos seus chocolates? Porque foi que a Jerónimo Martins (Pingo Doce) mudou a sua sede para a Holanda? Por causa das tulipas? Os paraísos fiscais são um mal que se contesta mas que os políticos não querem que acabe, até porque é um lugar onde a maioria sonha ir parar um dia… E só será justo se fecharem em simultâneo porque “ou há moralidade ou comem todos”… E quem não quer continuar a comer? Era necessária solidariedade entre nações, mas não nos iludamos, não existe.

A revelação dos “papéis do Panamá” foi um percalço que vai ter custos para uma minoria, um “acidente no percurso” dos paraísos fiscais. Seria bom que acabassem? Claro, como seria bom que os nossos impostos fossem mais justos, que se penalizasse menos quem trabalha, quem produz riqueza, como seria bom que… O caso é bom para a imprensa (vai dar para um ano ou mais), para alimentar a coscuvilhice e a inveja e para mostrar como funciona um mundo a que só uma minoria tem acesso. E pouco mais. Tudo o resto não passa de uma grande hipocrisia… Eu não tenho ilusões.

Mas, cá para nós que ninguém nos ouve, continuo a ter esperança de um dia destes ver o meu nome “esparramado” na imprensa, com um “valor obsceno” à frente… E, como qualquer um que vive no “paraíso”, estarei a “borrifar-me” para a Inveja…  

Há falta de “peças” na “oficina”…

Ontem estava bem disposto a falar com o Paulo quando senti uma dor intensa sobre a anca do lado esquerdo, que foi subindo até se localizar na zona renal. Esperei para ver se era passageira mas continuou com alguma intensidade, provocando-me suores frios. Como estava no Hospital de Lousada, só tive de descer ao Serviço de Atendimento Permanente (SAP) para a médica de serviço me observar e pôr a soro. O que se passou? Nada mais nada menos do que acontece a um automóvel com muitos anos de idade: “Problema mecânico”.

Quando o “carro” é novo, não há mal que lhe pegue. É só meter “combustível” e temos “máquina” para ir a qualquer lado. O “motor” tem “potência” mais que suficiente e resiste a todos esforços, mesmo se exagerados. Se no princípio temos muito cuidado para não “riscar” a “pintura” nem sujar os “estofos” e mandamos fazer as “revisões” recomendadas pelo “fabricante”, com o tempo as preocupações são outras e acabamos por descurar esses cuidados, assegurando-lhe somente a “manutenção” mínima obrigatória, para além do “combustível” indispensável sem o qual não trabalha.

Ao entrarmos na adolescência pode-se dizer que completamos o período de “rodagem”, atingindo então a “potência” máxima que nos permite “voar” sobre a estrada da vida feitos fanáticos da velocidade. E nessa loucura de quem sai da adolescência, muitas vezes entramos com “excesso de velocidade” numa “curva” apertada da via ou da vida, fazendo o “veículo” derrapar e deixar a borracha agarrada ao asfalto, quando não se parte um “amortecedor”, amolga a “chapa” ou desfaz uma “roda” contra um qualquer obstáculo. É o tempo de abusar do “carro” e experimentar os limites, com alguma irresponsabilidade à mistura.

E, nesse período de euforia, quem não gosta de alindar o “carro” com umas “jantes especiais”, um espetacular “aileron” traseiro ou uma “faixa colorida” para lhe dar um ar mais desportivo e o mesmo é dizer com uns “pneus” da Nike , um “penteado” especial ou uma “pulseira de diamantes”? É o tempo do exibicionismo, da competição entre “automóveis”, da conquista do mundo.

Depois, o “carro” entra em “velocidade de cruzeiro” carregando a família de um lado para o outro, sujeito a pequenas avarias que podem começar pelos “faróis” quando reduzem a “visibilidade”. Entretanto, vão aparecendo “amolgadelas” na “carcaça” resultado das “batidas do tempo”, normalmente mais visíveis no “para-choques” da frente, tendo de ir ao “bate-chapas” para “alisar a pele” e renovar a “cor e o visual” com nova “pintura”. (A este propósito há dias, logo pela manhã, tocou a campainha da porta e fui atender. Quando entrei em casa a minha mulher, contrariamente ao que é habitual, chamou-me e perguntou-me: “Quem era”? E eu disse-lhe que era o carteiro. “E o que queria ele”? Respondi-lhe que queria entregar uma carta. “De quem é a carta”, continuou a perguntar? Acrescentei que era relativa a um condomínio. “Mas o que tens tu no condomínio” insistiu. Tive de lhe dizer que era uma loja, já admirado por estar a dialogar tanto, nada habitual. “Mas o que é que tem na loja?”, quis saber. Disse-lhe que estava lá uma esteticista. E a resposta dela calou-me: “Ah, é onde fazem restauros…”)

À medida que os anos vão passando aumenta o número de idas à “oficina” quer para as “manutenções de rotina” com o recurso a “exames” e “análises” à “máquina”, quer para “reparações extraordinárias” necessárias para recuperar os “estragos” resultantes de “acidentes” ou do desgaste de “peças” devido ao uso. É através dos “exames” que se verifica se as “longarinas” estão “tortas”, se o “motor” trabalha com a regularidade de um relógio e até mesmo se o “computador” que comanda os órgãos do “carro” está afinado. Com o desgaste de alguns “órgãos” é normal que o “motor” perca “potência”, pelo “escape” saiam mais gases tóxicos com “ruídos sonoros”, os “rolamentos gripem” e o “carro” tenha de recolher à “oficina” ao cuidado dos “mecânicos”, que lhe proporcionarão os cuidados necessários à sua “recuperação” para voltar à “estrada”. Mas com o peso da idade algumas “peças” importantes começam a falir e dão sinais de que precisam de sofrer grandes “reparações”, quando não de ser substituídas. Aí vem ao de cima a preparação técnica dos “mecânicos”, indispensável para que a “operação” tenha sucesso com rigor “cirúrgico”. É dessa forma que se abre e repara o “motor”, substituem “válvulas”, extraem “corpos estranhos”, emendam “peças” fraturadas, voltam a pôr em funcionamento “dobradiças” presas pela “ferrugem”, em suma, “desmonta” e volta a “montar” a “máquina”, com um grau de dificuldade acrescido pois tem de estar em “funcionamento”. É que, se para, vai diretamente para a “sucata”… O grande problema é conseguir “peças” para “substituir” as que “deram o berro”. Já se fabricam algumas em separado mas, as principais, têm de ser retirada de “carros” que deixaram de funcionar antes de serem enviados para o “sucateiro”. E, para aumentar a dificuldade, há os “carros” que têm documento a proibir que lhes tirem “material”, como se viessem a precisar dele. O que é um desperdício quando há tantos “carros” a precisarem (alguns deles tão novos!!!), quando há tanta falta de “peças”…