Começou com um pequeno pigarro na garganta, que me provocava “tossiqueira” irritante. No dia seguinte, o incómodo foi aumentando pouco a pouco, fazendo-me sentir que era mais um a caminho do “estaleiro”. E a “ferrugem” naquele que é considerado o principal “canal de entrada” do corpo humano (em oposição, também há o “canal de saída”…), fez-me pensar que me fazia jeito o escovilhão de limpeza que o senhor Alberto espingardeiro usava para polir o interior dos canos das espingardas, para tentar dar cabo do maldito pigarro. Mas, quando ao outro dia pus a língua de fora (sem ser para fazer caretas a quem quer que fosse) e o médico me informou que a “ferrugem” já estava entranhada, “percebi” que o tal escovilhão não era suficiente e já só ia com tratamento mais radical.
Dias depois apercebi-me que uma boa parte dos funcionários dos serviços do Hospital de Lousada sofria de males semelhantes, com o nariz vermelho e a pingar, olhos de “bebé chorão” e “tossiqueira” semelhante à que me tinha agarrado. Como a enfermeira estava perto, disse-lhe na brincadeira que não fazia sentido que o pessoal “apanhasse” doenças no hospital. E recebi logo o “troco”: “O hospital é o local mais apropriado e provável para se apanhar uma doença dessas”.
Pensando bem, estou a ver uma qualquer sala de espera hospitalar repleta de doentes nesta epidemia de gripe, a espirrar ou a tossir, provocando o cruzamento de vírus de tal maneira que estes até se devem atropelar uns aos outros, para ver quem é o primeiro a arranjar hospedeiro…
Os japoneses, bem como uma boa parte dos orientais, tem esse “péssimo” hábito de usarem aquelas máscaras de pano sempre que são portadores de uma qualquer doença infecto-contagiosa, mesmo que seja uma simples gripe ou constipação. Mas isso são os japoneses e outros que tais, que têm a mania de se “exibirem”, acabando por ficar com um ar de extraterrestres. Porque cá, como não tememos nada e gostamos de “andar de peito feito” (e os outros que se lixem), somos lá capazes dessas “mariquices”!!! Preferimos muito mais dar um bom par de espirros de vez em quando ou uns acessos de tosse, mesmo que seja do “tipo motor de arranque”, enxofrando o povo à volta.
Quando disse à enfermeira que este ano até tinha tomado a vacina da gripe conforme mandam as recomendações do Ministério da Saúde, riu-se e calou-me logo: “Não valeu de nada porque o vírus é diferente”. C’os diabos, eu sujeitei-me a apanhar uma picadela de que não gosto (detesto seringas), para não servir de nada!!! O vírus “virou a casaca” e a vacina já não o afeta. Vírus inteligente… Nós devíamos aprender com ele ou, se calhar, … ele é que aprendeu connosco. Já não sei.
Este ano, segundo dizem os entendidos nessas coisas, parece que há mais que uma “família” de vírus da gripe, o que complica a luta entre nós e eles, porque é como se tivéssemos de combater várias “famílias” de mafiosos ao mesmo tempo, daqueles mafiosos italianos que nós pensamos que só existem na América e que não existem por cá, como as bruxas (mas, que as há, há…). Daí que a vida ficou difícil, muito especialmente para nós, velhos, pois somos o que mais “abunda” por aí e os que ocupamos mais camas, macas, cadeiras e todos os espaços disponíveis nos hospitais. E somos ainda os que nesta altura do campeonato “marcham” mais…
Esta minha “experiência” na área da saúde deu-me “credenciais” suficientes para estar habilitado a recomendar aos que não lerem este artigo algumas medidas para situações de crise:
1 – Ao mínimo sintoma, tape o “focinho” (dos outros) para não ser contaminado.
2 – Se começar a tocar a música do “atchim, atchim” e a água correr da “penca” como na Fonte de Sto André, procure um médico. Mas, atenção, nunca dentro de um hospital. Espere-o à entrada, na rua e em local bem arejado, para a consulta ser “saudável”, rápida e, provavelmente, de borla.
3 – Nunca entre nas farmácias, pois estão tão infetadas como as salas de espera dos hospitais. Para evitar contágios, receba a medicação por telefone ou email. E pode ser que se esqueçam da conta ou você se esqueça dela…
4 – Como os medicamentos são caros, não desperdice e tome-os até ao fim. Mas, cuidado, as embalagens não são para engolir. Essas, deite-as no ecoponto.
5 – Mas, tome bem atenção, pois esta medida (a quinta) é a mais importante. Se realmente se quer curar, tome o remédio caseiro que a avó ou a mãe lhe aconselhou (tal como o fez a minha): Chá de casca de limão com mel, bem quente, ao deitar, e gargarejos de aguardente com açúcar (não abuse da aguardente senão “morre da cura”. E falo por experiência própria…). Ah, siga à risca o ditado popular: “Abifa-te, avinha-te e abafa-te”. Ou, melhor ainda e mais gostoso, trate-se com “um suadoiro de quatro joelhos”. É cura certa.
ATCHIM, ATCHIM. Estou infetado outra vez. Já agora…