Monthly Archives: August 2019

Mal por mal, qual o mal menor?

Datas não são o meu forte. Deve ser por isso que não fui bom aluno a história. E porque “levava na cabeça” de vez em quando por esquecer aniversários ou outras datas tidas por importantes. E ainda levo. Mas há um dia que não esqueço e sobre o qual amanhã já se completam onze anos: aquele em que encontrei a Luísa tombada de lado na casa de banho sem dar acordo de si na sequência de um derrame cerebral, que se viria a repetir de forma mais grave cerca de quinze dias depois quando ainda estava internada no Hospital de S. João. Alguns meses de hospital em hospital, de tratamento em tratamento, de avanços e recuos, fizeram com que chegássemos a uma situação relativamente estável, mas com perdas graves. E essas perdas são totais, ou quase, no equilíbrio, na autonomia, na memória de curto prazo, além de outras condicionantes graves em termos de higiene e saúde pessoal. Desorientada no espaço e no tempo, muito dificilmente consegue saber onde está, para onde vai, qual é o dia ou o mês. Ao longo destes onze anos “habituamo-nos” às suas limitações e ao seu mutismo, estando quase sempre junto de nós, mas na realidade bem longe, num mundo que é só seu. É muito raro ouvi-la dizer que lhe dói isto ou aquilo, mas de vez em quando verbaliza um “estou mal disposta”, que pode significar várias coisas, até mesmo que alguma coisa lhe está a doer. Enfim, uma vida passada entre a cama e a cadeira de rodas, mas num mundo à parte …

A sua “ausência da realidade” é como uma moeda de duas faces. Por um lado, é uma perda terrível que a faz estar fora do mundo que lhe passa ao lado a cada momento, sem o perceber, pois não consegue compreender um filme por mais simples que seja a sua história. Por outro, acaba por ser uma bênção, pois não tem consciência do estado de saúde e da dimensão das suas limitações, vivendo o dia a dia com tranquilidade. Se tivesse essa perceção, como estaria o seu lado psíquico?

Foi neste estado de saúde que hoje, às seis da manhã, fui acordado pelas palavras que a Luísa proferiu: “Estou a sofrer muito”. E logo de seguida, acrescentou: “O que me vai acontecer?”. Percebi logo que a Luísa estava bem acordada e tomara consciência do seu estado e das suas limitações. Daí o seu sofrimento e a sua preocupação pelo que lhe iria acontecer em função delas. Foi-se o sono e veio um pedaço de conversa para a acalmar, até conseguir que voltasse a adormecer, para só acordar quando a manhã ia adiantada, sem memória alguma do que se passara e de novo “ausente”. 

Não deixa de ser curioso que, no dia a dia e enquanto está connosco sentada na cadeira de rodas, embora pareça estar concentrada na televisão ou noutra coisa qualquer e não dê atenção ao que fazemos ou dizemos, de vez em quando faz um comentário assertivo e que se encaixa perfeitamente na conversa, como se estivesse atenta. Foi o que sucedeu quando uma estudante de enfermagem a fazer estágio num hospital contava o que lhe tinha acontecido com um doente afetado por problemas mentais e que não reagia a nenhum estímulo. Dizia ela que, para estimular o doente e ver se tinha alguma reação, quando a enfermeira passou, disse: “Já viu que a senhora enfermeira é gira?”. Aquele doente teve então um sorriso rasgado. A Luísa, que ouvia calada, meteu a “colherada”: “É porque ele não estava doente das vistas …”.  

Tenho muita dificuldade em perceber se estes “comentários”, apesar de simpáticos, se serão conscientes ou reações instintivas, fruto da sua forma de ser e brincar com as situações. Ontem mesmo, quando víamos a história de um português pelo mundo, para a despertar do mutismo em que se refugia, comentei: “O rapaz é bonito”. E ela reagiu de imediato: “… para ver de passagem”. Mantem esse instinto natural da resposta pronta “na ponta da língua”. Consciente ou inconsciente? Boa pergunta …

Não sei se a sua “ausência” da realidade se deve somente à doença que a afetou ou se é alguma medicação específica para impedir que novo derrame volte a acontecer que a inibe e lhe retarda o “acesso” à realidade. Enquanto leigo nestas questões de saúde, imagino que antes do amanhecer e quando já estava um pouco repousada e “livre” dos efeitos inibidores dessa tal medicação, conseguiu chegar até mim, à realidade, e ganhou consciência do seu verdadeiro estado físico e das suas limitações, ainda que por um período de tempo curto. E foi aí que ela manifestou o “seu sofrimento” pelo que estava a “ver” em si própria. Porque, pela forma como disse “estou a sofrer muito”, deu a entender que tinha percebido o seu verdadeiro estado de saúde e que teria sido um “choque” enorme para quem voltava à realidade. Mais ainda, quando disse “o que me vai acontecer?”, manifestou um medo enorme do futuro, como se esse futuro incerto e negro só começasse naquele momento. E eu, na minha preocupação, também fiquei com medo. Medo de que esse “acordar” seja mais frequente, duradoiro e até permanente e pelas consequências que isso poderá trazer para a saúde psíquica de alguém que tem tendência para depressões.

Agora mesmo, ao olhar para ela de olhos fixos na televisão como que hipnotizada pelas imagens contínuas e variadas que a sua “memória de curto prazo” já não retém, questiono-me sobre o que será melhor para a sua muito relativa “qualidade de vida”: Se esta tranquilidade aparente, fruto da “ausência” do mundo real que não compreende e da falta de consciência das suas grandes limitações físicas e psíquicas, mas que não lhe trazem ansiedade nem agitação ou pelo contrário, a hipotética de uma crise depressiva consequência de alguma melhoria no estado de saúde, suficiente para a consciencializar de como está, mas não o suficiente para a curar??? Por uma questão de humanidade e, não sei, se com alguma dose de egoísmo, prefiro ter junto de mim a Luísa tranquila e capaz de fazer intervenções que nos fazem sorrir. Porque ela sorri também …   

Se é para “fingir”, as leis são inúteis…

Quando Al Gore chegou à Casa Branca e foi incumbido de verificar uma determinada lei, chegou à conclusão que existiam mais de 500 leis só para regular a compra de cinzeiros para aquela casa. Cada uma definia o tipo de cinzeiro, o material de que deveria ser feito, a forma e os modelos, se eram para três ou mais cigarros, cores, desenhos e um sem número de pormenores, apesar de haver uma única lei em vigor que dizia: “É proibido fumar na Casa Branca”. Em suma, eram mais de 500 “leis inúteis”. Diz quem sabe, que em Portugal também existem imensas “leis inúteis”. E que nesse pacote há as estúpidas, as estranhas, as parvas, as desatualizadas e mesmo as que não fazem sentido nenhum. Para que se tenha uma ideia, há dois anos um grupo de juristas tinha identificado mais de 1.200 leis criadas entre 1976 e 1978 que já não serviam para nada e deveriam ser revogadas. No entanto, como o “caixote do lixo de leis” é infinito, o Parlamento continua a “parir” leis atrás de leis, como se a quantidade fosse sinal de qualidade … 

Só no último dia de trabalhos antes das férias, foram votados 170 diplomas, dos quais 59 projetos de lei … Exemplo disso é a “lei do piropo” criada há poucos anos, para criminalizar o “perigoso instrumento de assédio sexual” que é. Resultado? Que se saiba, até hoje ninguém foi a tribunal. Ou as pessoas “assustaram-se” com a lei e “calaram o bico” ou é inútil como muitas outras a que nem cidadãos, nem autoridades dão importância e ninguém cumpre. Verdade seja dita, também não há quem penalize o incumprimento. Ora, sempre que existe impunidade, sabe-se no que se torna: uma inutilidade.

“As leis inúteis debilitam as necessárias”, dizia Barão de Montesquieu e Bismark dava-nos outra pista ao afirmar que “quanto menos as pessoas souberem como se fazem as salsichas e as leis, melhor dormirão à noite”. E, se calhar, é aconselhável não sabermos mesmo.

E lembro-me de há muitos anos “ter vindo a lume” que numa certa lei alguém conseguiu introduzir uma vírgula entre duas palavras e dessa forma alterar-lhe o sentido, o que terá valido “uma pipa de massa” ao autor da “proeza”.

Dizia-me um jurista que Portugal sofre de “diarreia legislativa” e que ao querer-se legislação para tudo, naturalmente muitas dessas leis acabam por não servirem para nada. E que muitas vezes quem as faz é quem as atira para o “caixote do lixo legislativo”.   

Vem isto a propósito do que “veio a lume” sobre uns “kits” que a Proteção Civil distribuiu pelo país e, muito especialmente, das famosas “golas antifumo” que deviam proteger os seus utilizadores, mas que, afinal, não seria tanto assim. Ora, quando acontecem coisas como esta, começam a “cavar” e a “cada cavadela, cada minhoca”. Assim se percebeu que o negócio dos “Kits” (e das golas) tinha sido feito por uma empresa em que era sócio o filho de um governante. Vem daí algum mal ao mundo? O homem não pode fazer negócios sem ser chateado? É uma boa questão, onde cada um tem a sua opinião, goste-se ou não. No entanto, uma coisa parece clara e não deixa lugar a dúvidas. A lei impedia-o e prevê sanções tanto para o governante como para a empresa que fez a venda. Insatisfeitos, os profissionais de “escavações” continuaram a “cavar” mais fundo e descobriram que, desde a “feitura” da lei e a sua entrada em vigor em 1995 – há vinte e quatro anos – muitos negócios se fizeram entre empresas de familiares de ministros e outros governantes e o estado, sem que se tivesse aplicado a lei uma única vez para exemplo. Agora, “ao levantarem a lebre”, descobriram que se “andou a mijar fora do penico” sem que “se chame à pedra os responsáveis”. Será por estar em causa governantes e seus familiares? Será porque a uns e outros não dá jeito que se aplique a lei? Apesar disso, andaram 24 anos a prevaricar, aqui e ali, “às escondidas”, sem coragem para a revogar, pois seria tido como um golpe contra a “transparência”.

Como “começou a cheirar a esturro”, os que “abanaram a cabeça” à lei, tentam agora “tapar o sol com a peneira”. O primeiro ministro, não sabendo “como descalçar a bota” e para “encanar a perna à rã”, pediu um parecer e pode ser que chegue só depois das eleições e já não há consequências. Ora, o ministro dos negócios estrangeiros foi mais longe, dando a entender que isto “é uma tempestade num copo de água” ao afirmar que “seria um absurdo fazer uma interpretação literal da lei, sendo que se deve olhar para isto com razoabilidade e bom senso …”. Já o secretário de estado que “foi apanhado na curva”, “assobiou para o lado” como se nada tivesse a ver com o caso nem que a lei se aplique a ele. E “ética” é coisa para outras democracias … 

A chamada Lei das Incompatibilidades e Impedimentos de titulares de Cargos Políticos e Altos Cargos Públicos, bem ou mal, foi feita para impedir situações de favorecimento a familiares de governantes. A lei impede que a família direta de um governante faça negócios com o estado, prevendo a sua demissão quando acontece. Exagerada? Não fui eu que a fiz. Foram eles, os mesmos que agora dizem ser absurda. E um governante, por mais sério que seja, não pode dizer àqueles que governa para cumprirem a lei, se não for o primeiro a dar o exemplo. Tal como um pai não consegue educar um filho dizendo “não roubes”, se ele próprio fizer o contrário. Deixará de ter moral para se impor, tal como os governantes.

Se o ministro dos negócios estrangeiros disse, que “seria um absurdo fazer uma interpretação literal da lei…”, isso devia dar-me o direito de também fazer a “minha interpretação” das leis conforme o que me é mais conveniente. E, para que fique desde já claro, discordo das que me obrigam a pagar impostos. São “abusivas”, não as aprovei e são-me impostas contra a minha vontade. Ora, até tenho mais razões do que o ministro para discordar porque ele e o seu partido estavam lá e votaram a favor. E eu nunca aprovei nenhuma, muito menos as que não me “dão jeito” …

Não devia ser preciso uma lei para impedir o favorecimento dos familiares dos governantes até porque, como diz o jornalista Carlos Magno, “num país pequeno onde somos todos primos uns dos outros, é de aplicação difícil”. Mas, infelizmente, a prevaricação de alguns faz com que se criem leis para todos, “pagando o justo pelo pecador”. Os políticos têm “muita dificuldade” em fazer leis que “os condicionem”, como é o caso desta lei. E então fazem leis “a fingir” ou, como diz o povo, “a mangar”, mas que não são para cumprir. Uma inutilidade legislativa para nos enganar. É preferível acabar com o “incómodo” e revogar a lei. Assim, ficamos todos livres. Eles, para fazerem o que lhes apetece em função dos seus princípios morais, bons ou maus. E nós, de pensar o que bem nos apraz, porque “pela aragem se vê quem vai na carruagem” …

O primeiro dia do resto da outra vida…

O pensamento é como a corrente de um rio em movimento perpétuo e nada o faz parar. Por isso, naquele funeral não pude conter a força dessa corrente e deixei-me levar por ela e pelo que via ao meu redor.

Ao ver aquela fila interminável de filhos, genros, noras, irmãos, tios, sobrinhos, netos, cunhados, além de primos nos mais diversos graus, a receber os pêsames (e tantos eram que preenchiam as paredes da capela mortuária e ainda saíam porta fora), não pude impedir que o pensamento recusasse aquele “sacrifício”, em especial para alguns jovens que mostravam “estar no filme errado”. Por isso, comecei logo a fazer mentalmente a lista de “requisitos” para quando chegar “o meu dia” e for eu “o motivo” dum “ajuntamento” semelhante. 

Para começar, quero ser “o único morto da sala”. Eu serei suficiente. Mais que suficiente. E opto por isso pois, ao cumprimentar algumas pessoas em velórios ou funerais, estendem-me uma “mão morta”, de onde a vida se escapou. E não estão no caixão …

Não quero a fila interminável de familiares a receber cumprimentos de quem vai à capela mortuária. É cansativo e deixa desorientados os que chegam pois não conhecem a maior parte deles, ficando mesmo sem saber quem cumprimentar. Na dúvida, cumprimentam-se todos os que estão na fila e diz-se “os meus sentimentos” a uns e a outros. Mais do que tudo, o funeral é uma despedida daquele que parte e bastam os filhos para receber e agradecer a todos aqueles que forem despedir-se de “quem parte.  Ora, quando for “eu a ir embora”, são os meus filhos que eu mandato para agradecer em meu nome. Ninguém mais, por muito que sintam a minha partida. Não quero tal sacrifício, absolutamente inútil, que o é para quem ali está a receber, como para quem vai cumprimentar. No entanto, quero-os sorridentes, com boa disposição ao receber e agradecer em meu nome. 

Muito mais do que num casamento (onde as coisas podem correr mal), o “despacho do morto” tem todas as razões para correr bem. Porque o morto já não chateia mais nem vai moer o juízo a ninguém. Já não precisa que lhe engraxem os sapatos nem passem a roupa a ferro. Não ocupa a casa de banho quando os outros precisam, nem as pessoas …

Numa questão sou exigente e não cedo. Esqueçam se pensam que me vão vestir formalmente, de fato e gravata. Nem pensar. Já me basta quando os compromissos o exigem. Mas para uma viagem que eu não quero fazer e para onde só me levam à força – e é precisa a força de quatro homens para me “pôr a caminho” – então vou como bem me apetece. Até porque, se chegasse às portas do Céu assim “fardado”, S. Pedro não me reconhecia e podia pensar que estava disfarçado para o enganar. Para “ir confortável” tenho de vestir calças de ganga, polo ou camisa desportiva e botas de cano alto, porque vou passar o resto dos meus dias “com os pés na terra”. E as botas dão muito jeito. As calças de ganga começaram a ser usadas pelos mineiros, até que o pessoal da moda lhes roubou o protagonismo. Como também vou fazer vida de “mineiro”, faz todo o sentido a ganga. Quando muito, se “partir de viagem” no inverno, vistam-me uma camisola de gola alta e impermeável, porque a humidade ataca-me os ossos e o reumático é insuportável …

Esqueçam o preto. No meu funeral ninguém vai de preto. É a cor dos “mortos” e eu quero “estar vivo” nos que se derem ao trabalho de se irem despedir de mim. Só gosto do preto em vestidos de cerimónia, com certas “características” … porque, preto e de bico amarelo, só os melros. Por isso, nada de roupas escuras, nenhum sinal de luto. Só haverá motivos para festejar e celebrar, porque toda a gente vai dizer que “fui desta para melhor”. E quem “vai desta para melhor”, só pode estar entusiasmado e feliz. Vistam informalmente e usem cores bem garridas, mas não de vermelho. Nem nas touradas para lidar o touro.

Numa “reunião social” como aquela, é importante música de fundo para criar ambiente. Apesar de na adolescência a música francesa e italiana serem as dominantes, a irreverência e o génio dos Beatles, além desse fabuloso duo que dava pelo nome de Simon & Garfunkel, marcaram-me profundamente. Por isso, a música de fundo tem de ser de uns e outros, sendo que dos primeiros não pode faltar o “All you need is love” porque na realidade “todos precisamos de amor” e dos segundos, é imprescindível a extraordinária melodia “The Sounds of Silence”, mais do que adequada para o momento, pois os “Sons do Silêncio” passam a ser os únicos que terei por companhia …

É tradicional oferecerem flores, muitas flores, a quem já não as pode ver nem cheirar. Enquanto vivo, gosto muito, mas quando a caminho da cova, não me deem aquilo de que já não posso usufruir. Por muito que goste de flores, passarão a ser uma inutilidade sem sentido que não me fará feliz. E então as tradicionais “coroas de flores”, nunca. “Cheiram a morto” e é coisa que eu não quero que se sinta nesse dia …   

Para quem se vai despedir de mim, tenho a obrigação e até o dever de “dar a cara”. Mas desde já peço desculpa por não o fazer. Vou ficar “atrás da porta” que permanecerá fechada. É que, dado o meu “estado de saúde”, terei um “ar amarelado” que não augura nada de bom e me deixa com mau aspeto e sem um sorriso, por mais ténue que seja. Daí optar por ficar “oculto”, deixando aos filhos as relações públicas. Vou querer um “armário” XXXL. Não gosto de me sentir apertado e posso precisar de coçar as costas e outras partes de vez em quando, o que seria uma chatice se não tivesse espaço de manobra …

São cada vez mais aqueles que escolhem ser cremados. É um direito que lhes assiste e deve ser respeitado. Mas não estou para aí virado. Iria pensar que já estava no inferno quando “começasse a aquecer” o que, se vier a acontecer, que seja o mais tarde possível. E acho até que seria um desperdício duplo. Da energia gasta para me “assarem” no forno e da perda dum corpo humano como fonte de matéria orgânica tão necessária e útil a outros seres vivos. Em boa verdade, apesar de corpo morto, não deixa de ser uma fonte de vida, que seria inutilizada se incinerada. Por isso, quero regressar à terra para dar vida a outras vidas, para que “nada se ganhe, nada se perca e tudo se transforme” …