Monthly Archives: June 2015

Inchar o ego, com a “massa” do povo…

Conta-se que um presidente da Câmara queria consagrar-se através de uma obra monumental, uma obra que fosse vista de longe e passasse para a história do país como uma maravilha arquitectónica. Foram analisados inúmeros estudos e projetos, desde centros culturais a jardins suspensos, mas a opção foi por uma ponte, uma grande e moderna ponte. Custou mais de metade do orçamento do município e, aquela coisa gigantesca com muitos vãos e mais de trinta metros de altura, ao fim de dois anos estava concluída. Mas, a oposição fez-se ouvir e foi muito crítica porque… não passava nenhum rio sob a ponte. “Não se pode dizer que muita água correrá debaixo desta ponte”, escreveu o líder da oposição no jornal local, “pela simples razão de que foi construída sobre um lugar seco”.

Reconhecendo o erro e para calar a oposição, o presidente tratou de saná-lo, desviando um rio próximo por forma a fazê-lo passar debaixo da ponte, o que até agradou aos pescadores pois podiam pescar de cima dela. Quando o presidente pensava que a polémica estava resolvida, levantou-se outro problema: Só fora construída a ponte mas, nem de um nem do outro lado daquela obra de arte existia qualquer estrada, merecendo novas fortes críticas dos opositores: “Esta ponte ficará famosa por unir o nada a coisa nenhuma”. Pressionado, o responsável da câmara teve de reconhecer o erro e tomar medidas para o retificar. Assim, mandou construir uma estrada não muito longa mas com duas faixas de rodagem para cada lado, canteiro separador ajardinado e, claro, com portagens. Logo que ficou pronta, a estrada foi inaugurada no meio de grande pompa, o que não impediu nova contestação no dia seguinte: A estrada, tanto a norte como a sul, terminava no meio do deserto, sem servir nada nem ninguém, o que era um absurdo. Para ultrapassar mais esta contrariedade, o presidente deu ordens para se edificar um conjunto habitacional em cada uma das extremidades da estrada, mas as casas não chegaram a ser ocupados por falta de população dada a inexistência de fábricas, de empresas e de empregos, acabando por ser engolidas pela vegetação. E até o rio secou…

Não sei se em Portugal algum “iluminado” autárquico mandou construir uma destas pontes mas, que se saiba, outros “monstros” e outras “inutilidades” foram construídas com o dinheiro que não tínhamos, em nome do desenvolvimento, da modernidade e do futuro(deles, não do nosso). É que, na verdade, “trataram-nos” do futuro… E de que maneira. Conheci ou estive perto de algumas dessas “obras de arte” (e que “arte”…) com pessoas a questionarem-me “como foi possível?”, sem minimamente se interrogarem qual o seu contributo para que tal pudesse acontecer.

Normalmente temos tendência a pensar que o esbanjamento de dinheiros públicos só aconteceu nos estádios do Euro, nalgumas autoestradas com um movimento pouco maior do que o da ponte da história e em parcerias publico/privadas de má fama (para o estado e para nós). Mas, a verdade é que há milhares de obras de maior ou menor dimensão, espalhadas pelo país, que não chegaram a cumprir a função para que foram criadas e imaginadas, em diferentes fases de construção, sendo que muitas delas foram concluídas, algumas até equipadas mas… estão fechadas, porque não há dinheiro nem acordos para funcionarem. Sim, porque só funcionarão se o estado entrar com … dinheiro. E não é preciso ir muito longe para encontrarmos algumas delas…

Acabei de ler a notícia sobre o destino do comboio a que os locais chamam de “fantasma”, mandado construir em Oeiras pelo executivo de um presidente que foi parar… à “choldra” por outras razões. Para uma cidade com várias alternativas de transportes, tal comboio “imaginado” para uma clientela que nunca teve e que deu dezenas de milhões de euros de prejuízo, acaba de ser encerrado pelo atual executivo que o declarou oficialmente uma “inutilidade” local. Mas os muitos milhões de prejuízo são, ou serão, pagos pelos mesmos de sempre… A irresponsabilidade do executivo que foi seu “pai” é a mesma que “varreu” e continua a “varrer” o país de norte a sul, com, Centros de Dia e Centros Sociais sem “massa” para funcionar, rotundas e chafarizes para auto homenagens, túneis sem saída a estradas sem chegada, pavilhões multiusos, aeródromos e até aeroportos às moscas ou por acabar… Certo é, que o dinheiro do povo está lá enterrado e ninguém foi incriminado por esses “crimes”. Pelo contrário, em muitas dessas obras está lá uma tabuleta em latão (é que não basta ter “lata”…) a homenagear o “pai” de tal “façanha”, perpetuando o seu nome para a posteridade… E é assim que o seu autor fica preso (não, não pensem que fica preso naquele lugar onde deveria estar por muitos e bons anos…) à obra pelo nome, só…

O destino de algumas dessas obras chega a balançar entre continuar-se a “pagar a fatura” da manutenção, muitas vezes para coisa nenhuma, ou demoli-las, tais são os prejuízos que ocasionam a autarquias ou ao estado, o que é revelador da (ir)responsabilidade de quem as mandou fazer. Mas tudo tem sido permitido, sem que por isso haja consequências… Esperemos que um dia alterem a lei, para que o “crime” deixe de compensar…

Gesto obsceno ou… pura necessidade?

Julgo que já passou de moda fazer chafarizes em que a fonte é um menino nu a fazer “chichi”, mas fez o seu caminho e teve o seu tempo. O monte do Senhor dos Aflitos tem um, mas já lhe falta “algo” e nem “esguicha” para o pequeno lago. Será por falta de água ou… cansaço? O mais interessante é que este tipo de “arte” aquática atingiu o auge quando na nossa cultura havia… pudor. Curiosamente, quando este deixou de ser preocupação, tais “obras de arte” perderam o interesse, o que até parece um contra senso. Mas, no dia a dia, a prática do “esguicho” público mantem-se, fora dos chafarizes…

O meu filho acabara de estacionar no parque do Palácio da Justiça em Lousada. Quando ia a sair do carro com as senhoras que o acompanhavam, olhou em frente e ficou “atrapalhado”: Diante deles e em pleno parque, um respeitado (?) cidadão, em pé, mãos atrás das costas e “instrumento” fora das braguilha, fazia as suas necessidades básicas imitando o “menino do chafariz”, enquanto olhava de frente os transeuntes no passeio, a poucos metros de distância. Nem queriam acreditar no que viam… Sem se dar por achado, manteve-se direito e descontraído até completar o chichi. Indiferente à chegada de estranhos, sacudiu a “ferramenta” e guardou-a “na caixa” com o ar mais tranquilo, dando o “trabalho” por terminado. Imagino eu – e agora é só imaginação minha pois nem sei quem é o “homem chafariz”, que ele devia estar a sonhar com o tempo em que o “esguicho” tinha “jato forte” e passava por cima do muro, atingindo o passeio, quem sabe, a própria testa… Mas eram só sonhos porque, se pudesse olhar para os pés, veria os sapatos molhados e as pernas das calças salpicadas…

Na verdade devemos até “elogiar” este homem porque não optou pela solução tradicional, isto é, encostar-se à parede do tribunal ou ao vão de uma porta e “regá-lo” como manda a tradição É o que acontece normalmente quando há muita gente, como no caso das Festas Grandes do Concelho, especialmente em locais “estratégicos”, que ficam “perfumados” por longos meses, tal é a dose… (para os brasileiros, fazer chichi na via pública é considerado um ato obsceno e, por isso, têm os “mijódromos” para usarem nos grandes ajuntamentos). Também se compreendia a sua postura se fosse em Inglaterra, pois presumia-se que era “só para inglês ver” (se fosse algo que valesse a pena…), enquanto em Bruxelas, poderia querer copiar a estátua de bronze de Manneken Pis, um rapazinho nu a fazer chichi, pela qual os belgas têm uma espécie de orgulho nacional e os turistas fazem questão de visitar. Dias antes foi visto um outro “cavalheiro” em pleno dia, na esquina do banco junta à câmara municipal de Lousada, o ponto mais central da vila, a “regar as flores”… Pelos vistos, continuam muitos “a mijar fora do penico”, podendo estar aí a razão pela qual tanta gente está “com as calças na mão”…

Os homens ainda têm o hábito de “molhar” as árvores (sem levantar a perna, como os cães…), especialmente nos meios rurais. Outrora faziam-no em qualquer esquina mais ou menos escondida mas, à medida que as regras de convivência social e a educação se foram democratizando e massificando, os comportamentos nesta matéria passaram a ser mais discretos, regra geral impondo a utilização das casas de banho públicas ou não, especialmente quando em zonas urbanas onde há sempre alguém por perto (agora com fortes probabilidades de serem filmados e até “expostos” nas redes sociais). Já as mulheres, há muito deixaram de fazer tal “serviço” de pé, na forma tradicional, isto é, simplesmente abrindo as pernas, protegidas dos olhares indiscretos por saias compridas. Mas hoje as saias já “nada” tapam, deixaram de existir as “estrumeiras” à porta da cozinha como local de “alívio” e as regras sociais e a educação já não o aconselham.

O curioso é que nós, homens e mulheres, estamos a caminho de trocar de “posição” na forma como fazemos chichi. Senão, vejamos…

Na Alemanha foram colocados letreiros do tipo “sinais de trânsito” nas casas de banho públicas, a proibir os homens de fazerem o tal serviço “em pé”. Com o peso que têm na União Europeia, será que os alemães nos vão impor tal medida, como “uma regra comunitária”? Será que vou ter de “arriar” as calças e “alapar” o rabo sempre que precisar de fazer uma simples “mijinha”? Julgo que esta proibição tem a ver com os “salpicos” habituais nos tampos de sanita… Será? A culpa é das sanitas, pois deveriam ser mais altas e com um buraco bem maior para “acertarmos” pela certa. Mais curioso isto se torna quando se sabe que os alemães têm uma palavra depreciativa própria para os homens que urinam sentados, considerando tal posição muito pouco masculina… Bom, para já podem respirar fundo (e nós também…), mas foi necessário que um juiz contrariasse tal imposição e decidisse a favor dos homens, mantendo-lhes esse direito (ou não fosse um homem a decidir…). Em contrapartida, para evitar que as mulheres tenham a necessidade de se sentarem em sanitas imundas, conspurcadas e fiquem sujeitas a todo o tipo de contágios (nem tenham de se equilibrar em posição de “agachamento” tipo “Indiana Jones”, com a carteira numa mão e a outra a tentar evitar que a dobra das calças limpe a sanita), uma empresa criou o “womanfree”, um produto descartável, pequeno, higiénico, discreto e fácil de usar, que “permite às mulheres fazerem chichi de pé, em qualquer lugar”. E se a moda pega? Os urinóis passam a ser delas, para o que se recomenda que venham com um “alvo” desenhado no interior e com as palavras “aponta ao centro”. E pode ser que não apareçam salpicos…