Monthly Archives: May 2016

Aceita um amigo? Confirmar/Eliminar…

Não sou utilizador das redes sociais e, por isso, talvez considerem que vivo na idade da pedra. É verdade, não uso o Facebook nem o Twitter e, francamente, não tenho sentido a sua falta. Mas o meu nome deve aparecer como subscritor do primeiro já que o meu filho criou uma página (é assim que se diz?) para fazer de mim utilizador desta “ferramenta de comunicação”. Mas não passou disso. Nunca a abri, “não sei como se faz, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”, como diz o povo. Mas respeito quem aproveita a sua utilidade para contactar pessoas, partilhar receitas, dizer de onde veio, onde está e para onde vai, contar histórias, cruzar vidas, enfim, “fazer amigos”. Os criadores do Facebook e das outras redes são visionários e fizeram algo que já ultrapassa o próprio Google. A sua utilidade é inquestionável para as empresas, instituições e pessoas, sendo uma ferramenta poderosíssima de divulgação e comunicação. Tiro-lhes o meu chapéu (se o tivesse…). Do Papa Francisco ao cidadão anónimo, do presidente americano ao político mais anónimo de uma assembleia de freguesia, todos fazem questão de tirar partido desse meio de comunicação que já ninguém ignora (a não ser eu e mais alguns “nabos” como eu…). E, para o bem e para o mal, passa-se a vida a “twittar” ou agarrado ao Facebook. Se só este já tem mais de mil milhões de usuários. Ora, isso quer dizer que eu é que estou errado ao não aderir à moda. Mas, como “burro velho não toma andadura”, fico na minha “a zurrar sozinho”.

Diz-se que as redes sociais e a internet “aproximam quem está longe e distanciam quem está perto”. Ainda há dias via isso numa família sentada à volta da mesa do café, com os seus quatro membros “agarrados” ao Ipad e ao telemóvel, “ausentes”, “bem longe” uns dos outros… Provavelmente, estavam a sentir-se “perto” de alguém, lá longe…

Os políticos cedo perceberam o poder das redes e por isso não há político que se preze que não tenha a sua página, a sua “roda de amigos” (que convém que sejam também votantes) onde se mostram cheios de virtude, muito humanos, cidadãos honestos preocupados com os problemas da sociedade, em suma, uma chatice… A ilusão a respeito de si próprios…

As redes sociais tornaram-se um bem que, quando convenientemente usado, pode dar um contributo importante à sociedade. Mas há usuários que ultrapassaram o bom senso no seu uso e se viciaram na rede à qual se “ligam” com grande frequência, onde “põem a nu” a sua vida na praça pública, sem limites, sem pudores, sem qualquer cuidado, numa espécie de “Big Brother”. E relatam onde estão, o que vestem, o que comeram, com quem se encontraram, a que horas saem de casa e quando regressam, o que pensam e o que esperam pensar mais tarde, enfim, um desnudar do corpo e da alma… Alguém dizia que as redes sociais são importantes para muitas coisas mas, quando se trata de “fazer amigos”, “curtir”, etc… da forma como têm sido usadas, não passam de uma “hipnose coletiva” onde todos falam de si mesmos, dos outros, para uns e para todos, mas ninguém os leva a sério, numa afirmação virtual de quem não vive no mundo real. E vale tudo, ou quase. Todos têm carta branca para falar, comentar, criticar, cantar, gritar, insultar, elogiar e o que bem entenderem, num espaço onde não existe o “olho no olho”, o aperto de mão, o abraço, os cheiros da comida ou do perfume, o calor das pessoas, o convívio humano real. O que fica da reunião de amigos?

Diz-se que o indivíduo viciado nas redes, faz delas o seu divã e ao “postar”, acha que cumpriu a sua parte de cidadão, sem perceber que nem sequer saiu do lugar, do conforto.

As redes sociais em muitos aspetos desvirtuaram-se do seu objetivo que era de fazer uma onda de amigos para virarem muitas vezes num mecanismo de alienação onde qualquer um pode escrever o que lhe apetece para um público que não está lá. E diz-se que é considerável o número de usuários que se enquadra aí. É natural que quem trabalha muito precise de momentos de ócio e de lazer para “desligar”. É assim que hoje se passam os momentos de ócio… no Facebook. Aí divaga-se, esquecem-se responsabilidades e invertem-se papéis: O professor vira aluno e o aluno professor, o psicólogo vira doente, o analfabeto intelectual e aí por diante.

Um velho amigo escreveu-me dando-me conta do que “anda a fazer:

“Atualmente estou a tentar fazer amigos fora do Facebook… mas usando os mesmos princípios. Todos os dias saio à rua e durante alguns metros acompanho as pessoas que passam e explico-lhes o que comi, como me sinto, o que fiz ontem, o que vou fazer mais tarde, o que vou comer esta noite e mais coisas. Entrego-lhes fotos da minha mulher, dos meus filhos, do meu cão, minhas no jardim, na piscina e fotos que fazemos no fim de semana. Também caminho atrás das pessoas, a certa distância, ouço as suas conversas e depois aproximo-me e digo-lhes que “gosto” do que ouvi, peço-lhes que a partir de agora sejamos amigos e também faço algum comentário sobre o que ouvi. Mais tarde partilho tudo com outras pessoas.

E funciona…

Já tenho três pessoas que me seguem…

São dois polícias e um psiquiatra”…

O “património” que importa valorizar…

Aí está a Superespecial do Rali de Portugal. Mais que uma corrida, é um espetáculo que coloca Lousada no mapa. E o regresso da especial fez-me recordar como tudo aconteceu. Dia grande no Eurocircuito de Lousada naquele domingo de Abril na década de noventa. A moldura humana que enchia o circuito dava-lhe um colorido impressionante, ao qual o sol não quis deixar de se associar. Na pista, as corridas sucediam-se, cadenciadas e muito disputadas, na prova de autocrosse pontuável para o campeonato da Europa, estando presentes os melhores pilotos da modalidade vindos dos quatro cantos do velho continente, com destaque para a “esquadra” checa, a “armada” francesa e os sempre bem preparados pilotos italianos, russos, alemães e holandeses, já para não falar no elevado número de portugueses, com destaque para os Irmãos Ribeiro apoiados por uma enorme multidão. A meio da tarde quando o evento caminhava para o seu final em mais um sucesso organizativo do CAL, encontrava-me na Torre do Circuito à conversa com Nuno Vilarinho, o observador da Federação Portuguesa de Automobilismo. Era a primeira vez que vinha a Lousada e manifestava-se francamente admirado com a espetacularidade da prova e o elevado número de espectadores presentes, um caso raro no desporto automóvel no país. Visivelmente entusiasmado com o ambiente que rodeava o evento, às tantas fez-me uma pergunta que me deixou surpreendido: “Isto é fantástico. Vocês seriam capazes de montar e organizar aqui uma superespecial do Rali de Portugal”? Eu nem queria acreditar no que ouvia porque, depois de consolidarmos a organização das provas do Europeu de Autocrosse e do Europeu de Ralicrosse, levar o Rali de Portugal ao Circuito de Lousada seria “a cereja em cima do bolo”. Assegurei-lhe logo que podia contar connosco e que lhe montaríamos um traçado semelhante ao do “Memorial Bettega”, uma prova organizada para homenagear o malogrado piloto italiano de ralis. Fui logo ter com o Jaime Moura e dar-lhe conta da conversa, tendo ficado tão perplexo quanto eu. Depois, foi uma longa conversa com o Nuno Vilarinho… Passados alguns dias fomos contactados por César Torres, o presidente do ACP, a solicitar que nos reuníssemos em Lisboa para discutir a possibilidade de integrar uma superespecial no Rali de Portugal do ano seguinte a realizar em Lousada, algo que nunca ocorrera numa prova do mundial de ralis. Coube-me a mim “fazer o trabalho de casa”, isto é, o estudo do traçado da especial, que levamos já quando nos fomos encontrar com o homem forte do desporto automóvel em Portugal e no mundo. Muito direto como lhe era peculiar, a reunião foi prática, conclusiva, tendo nós saído dela com o acordo feito, sujeito somente ao parecer final da FIA que nenhum problema viria a levantar (ou não fosse César Torres Vice-presidente…). Mal veio a confirmação de Lisboa, arrancamos com as obras que incluíam a construção de uma ponte (viriam a ser construídas mais duas pontes em novas versões do traçado em anos posteriores), trabalhos esses mais ao cuidado do Jaime já que a preparação da pista era a “sua praia”.

O primeiro ano em que o Rali veio ao Circuito foi de aprendizagem pois, apesar de todos os cuidados que tivemos na organização, não previmos uma coisa: O fluxo de entrada dos espectadores era muito rápido contrariamente ao que era habitual noutras provas, tal como o seria na saída com a pressa de chegarem a outras classificativas. Daí que, quando os dois primeiros carros (os mais bem classificados) se posicionaram na linha de partida, estavam entre mil a duas mil pessoas na fila das bilheteiras para comprar bilhete. Ao ouvirem o roncar dos motores, mais do que o locutor, correram em direção às entradas como um bando de reses em debandada, levando tudo à sua frente e fazendo com que os controladores fugissem para não serem atropelados. Em tudo o mais, foi um sucesso que se repetiria e que atingiria o apogeu quando a especial se realizou na abertura do Rali, provocando a maior enchente de sempre de todas as organizações do clube.

Com a morte de César Torres e apesar de termos um acordo para mais dois anos, vimos a classificativa ser-nos retirada num processo pouco transparente e nada abonatório para o responsável da decisão, retomando-a dois anos depois até ao Rali rumar a sul.

Em boa hora o CAL e a Câmara Municipal se empenharam em fazer regressar a Superespecial a Lousada no retorno do Rali ao norte do país, algo que prestigia o Clube e promove o concelho, muito para além do que podemos imaginar. E eu que o diga pois, tendo estado envolvido na fundação e no crescimento do CAL, nunca tive verdadeira consciência de até onde conseguimos projetar o Clube e Lousada. Só depois de me ter afastado e já à distância, tive oportunidade de encontrar “marcas” pelo país e pela Europa como consequência desse trabalho.

A aposta que o executivo municipal está a fazer para que Lousada possa voltar a ser uma referência no desporto automóvel e com isso alavancar a promoção turística e não só, algo que se desperdiçou no passado, é o caminho certo num tempo em que há que potenciar e tirar partido do património que temos para a promoção e desenvolvimento de Lousada. E o CAL e os eventos de desporto automóvel são um rico património, com bom potencial. Para isso, é importante assegurar a presença do Rali de Portugal pela sua projeção mundial e trabalhar no retorno de outra prova emblemática trazida para o nosso país pelo clube e que lhe foi sonegada por esquemas pouco edificantes. Mas, haja futuro e força nos responsáveis deste “renascer” e que Deus os ajude a recolocarem o CAL e Lousada no lugar onde já estiveram e que lhes é devido.

Se há diferenças? Oh se há…

Ainda me lembro de só haver homens nas repartições públicas e no governo, da generalidade das mulheres serem mães e donas de casa e só algumas terem direito a votar, do tempo em que os direitos iguais entre ambos os sexos eram uma miragem. O homem é “que usava calças” e mandava. O resto, era conversa. Ponto final. Mas tudo foi mudando e hoje há uma grande aproximação sem verdadeira igualdade, apesar da lei, um caminho longo que continua a ser percorrido. Mas uma outra coisa se mantem: O homem e a mulher não são iguais, apesar de alguns terem defendido que sim. Em vão pois, a realidade e, agora, a ciência, comprovam as muitas diferenças entre ambos, especialmente no… cérebro. É que, para já, não existe um cérebro unissexo…

O conhecimento das diferenças é importante porque pode salvar relações, casamentos e … muita loiça. Claro, pois muitos dos nossos conflitos, amuos, zangas, discussões, birras, gritarias e até sessões de pancadaria, resultam desse desconhecimento. Fingir que homens e mulheres são iguais é um mau serviço aos dois, é esconder debaixo do tapete o que os separa. Enquanto nós temos um excelente sentido de orientação, já só conseguimos fazer uma coisa de cada vez. Pelo contrário, se elas pegarem no mapa para nos indicarem o caminho para um certo destino, acabam por nos levar a “cascos de rolha”, algures a mais de vinte quilómetros do local onde queríamos ir. Mas têm um cérebro multifunções. E são “emotivas” que, em bom português, quer dizer “choronas”, com ou sem razão, por tudo e por nada. Quando acontece, ficamos sem saber o que fazer, remetemo-nos ao silêncio até que a “tempestade” passe, enquanto elas esperam um abraço e ouvir repetidamente “amo-te”. Já eles, esperam muito por… “sexo”. Nisto de sexo uma mulher para o fazer precisa de se sentir amada, adulada, acarinhada, envolvida, etc., etc., enquanto um homem só precisa… de um local. “Puxamos as orelhas” ao lençol porque a cama é para desfazer, mas elas esticam-no, alisam e dobram com precisão milimétrica, com rigor doentio, tal como no “complexo de limpeza” de que parecem sofrer todas. Ora, nós só detetamos lixo quando “tropeçamos” nele…

Como a grande maioria dos homens, se estou a ver um jogo ou um filme na televisão, podem dar-me recados ou fazerem-me perguntas a que eventualmente respondo mas de que, certamente, não me vou lembrar, porque as “não ouvi”. O meu cérebro só vê o jogo ou o filme, nada mais. Muitas vezes a minha mulher pediu-me coisas enquanto via televisão e eu acenei com a cabeça e até disse “sim”. Quando questionado se já fiz o que me pediu, “jurei a pés juntos” que não me disse nada. E o maior problema é que não acreditava em mim até porque lhe respondi. E aí estava um motivo de conflito… Aliás, ela nem compreendia a minha “limitação” já que via TV, cozinhava, falava comigo e deitava o olho aos filhos, tudo ao mesmo tempo…

Se fossemos a um restaurante, o mais natural era entrar e sair sem me aperceber de quem lá estava. Já ela, como todas, era capaz de saber o nome dos presentes, o que vestiam (especialmente as mulheres) e de saber do que falavam nas mesas à nossa volta. E, voltamos ao mesmo: Se me perguntasse porque é que não cumprimentei o A ou o B e eu dissesse que “não o vi”, a “coisa podia azedar”. Mas há pior, que nunca me aconteceu (para meu alívio…). A percepção das mulheres é tal que, “detetam à distância” se outra mulher “se atira” ao seu companheiro, ainda que ele esteja “a léguas” de se aperceber dessa manifestação alheia. Logo que estejam a sós, está bom de ver como vai ser a “conversa”, pois a mulher pensa sempre que o companheiro estava “a alinhar” no jogo, embora ele não se tenha apercebido da cena… Aliás, no que diz respeito a trair, regra geral os homens“ não veem um boi” se são “enfeitados” enquanto o “sexto sentido” delas permite-lhes detetar rapidamente se “há moira na costa”.

Quando se encontram, os homens falam de automóveis, negócios, futebol e… “gajas”, enquanto as mulheres falam de moda, filhos e … das outras. Uns e outras, perante um mesmo cenário e no mesmo momento, nunca pensam nem veem a mesma coisa. É como se não estivessem a ver o mesmo “filme”…

Se temos um problema, regra geral não o partilhamos nem sequer falamos dele e tentamos resolvê-lo sem “incomodar” ninguém. Já elas gostam de falar sobre o problema, não para que se lhes dê sugestões (podemos até receber uma resposta “torta” se nos atrevermos a propor uma solução) mas somente para serem ouvidas. E nas compras? Quando querem ir a um centro comercial realizar a “dificílima” tarefa de fazer compras, que homem lhes faz companhia de boa vontade? Quem quer andar de loja em loja ao longo de horas consecutivas e assistir, com resignação e paciência, ao “desmanchar da tenda” perante o olhar desolado dos empregados e à cansativa tarefa (para nós) de “provar” dezenas de peças de roupa ou um número infinito de sapatos, sem que isso resulte numa única compra? É que nós (quase) só entramos numa loja para comprar sapatos ou roupa se a virmos na montra e gostarmos. Caso contrário, nem sequer ousamos entrar.

Temos de concluir que homens e mulheres são diferentes, nem melhores nem piores, tão somente diferentes. E é nestas diferentes maneiras de ver a realidade, de encarar os factos, de observar, que resultam muitos dos conflitos porque cada um acha que o outro está errado, que viu e fingiu que não viu, ouviu e diz que não ouviu, que escondeu algo (que não viu) e não disse nada… Se soubermos que nós e elas, por natureza, vemos, ouvimos, pensamos, sentimos e temos prioridades diferentes, talvez possamos poupar em advogados, médicos, antidepressivos e em… mobília. E conseguir viver melhor em comum, com mais prazer. Mesmo no que está a pensar…

É dos carecas que elas gostam mais?

Foi como se caísse uma bomba quando me disseram que o meu cabelo estava a cair. Fiquei em estado de choque, não queria acreditar: “Vou ficar careca?”, interrogava-me desesperado, tentando imaginar-me com a cabeça sem pelos ainda longe dos trinta anos. Não era fácil “engolir”. Cheguei a casa e “plantei-me” diante do espelho a espiolhar a cabeleira, quase a contar os pelos um a um para ver os que faltavam, mas não cheguei a conclusões. Mais avisado, passei a olhar o ralo do chuveiro e percebi então que eram muitos os “despojos” no final do banho. Como não existiam grandes soluções para a queda de cabelo nem dinheiro para as implementar, recorri aos remédios caseiros. Experimentei lavar a cabeça com petróleo porque, diziam, os trabalhadores das petrolíferas tinham cabelos fortes. Mas foi um fiasco. Recomendaram-me então esfregar o cabelo com ovo batido, com infusão de urtigas e outras receitas caseiras e o resultado foi o mesmo. Até que um dia me aconselharam um dermatologista conceituado, embora de idade avançada. Inspecionou-me a cabeleira e a cabeça com uma lupa, fez-me algumas perguntas sobre a família e deu a sentença: “Vais ficar careca e não acredites em mezinhas porque não te safas”. Com estas palavras fui “desenganado” e mentalizado que, mais dia menos dia, seria careca. O bom resultado desta consulta foi que, a partir daí, encarei como natural a queda do meu cabelo. Para tal, também cheguei a pensar que talvez nem fosse tão mau assim porque podia ficar como o Yul Brynner, um famoso ator de cinema dessa época, careca, que fugia ao padrão dos “bem penteadinhos” de Hollyood. E cá estou eu, careca como ele mas sem a sua fama (e proveito)…

A queda do cabelo é algo quase só reservado aos homens e, por isso, aconselham-se os mais jovens para não gozarem com a careca do vizinho que o seu mal vem pelo caminho. É só uma questão de tempo. A culpa, dizem, é das malditas hormonas masculinas…

Claro que hoje, mal se deteta a falta de duas dúzias de cabelos, vai-se logo a correr aos muitos especialistas na matéria, de onde se sai carregado com shampôs milagrosos e mais umas loções, regra geral caras e mal cheirosas. Às vezes, até parece retardarem a calvície mas, quem tem de ficar careca… fica mesmo e não há santo que lhe valha.

Para aqueles que têm dificuldade em assumir o novo visual, seja com “entradas” ou com uma “coroa”, existem múltiplas soluções desde o tradicional “capachinho” aos “implantes”, numa gama variada de modelos e técnicas de fixação que “disfarçam o melão” e até dão garantia de resistirem à ventania…

A muitos anos de distância pergunto se a minha aceitação “pacífica” do veredicto dado pelo médico teve alguma coisa a ver com a teoria de que “é dos carecas que elas gostam mais”. Como é sabido, nós homens temos sempre o sonho de agradar às mulheres e, como eu não fujo à regra, posso ter considerado que o ser careca seria uma “mais valia” para que esse desejo se concretizasse, como que um “cartão dourado” com direito a prémio. No entanto, depois de muitos anos a “exibir-me por aí” e a dar cada vez mais realce à careca (apesar de nunca a ter “engraxado” nem lhe “ter puxado o lustro”), de a aumentar ano a ano para “ganhar importância”, nunca “colhi frutos” dessa teoria nem senti que fosse a tal “mais valia” para agradar às mulheres. Pelo menos, nunca nenhuma o manifestou…. E andava eu a pensar que com a careca iria “arrasar”!!! Estou desiludido e frustrado, tendo-me já fartado de chorar… Vou até apresentar reclamação contra o autor do slogan, quem sabe, exigir uma indeminização gorda por me criar espectativas falsas… Pelo contrário, a cabeça com pouco cabelo só é motivo de destaque por razões menos simpáticas, como quando ouvimos “oh careca, sai da frente que não me deixas ver o filme…” ou outras do género. Nas pesquizas que fiz sobre a matéria encontrei fundamentos económicos para elas preferirem os carecas: É que estes poupam muito dinheiro em produtos para o cabelo e, assim sendo, quanto menos eles gastam mais sobra para elas…

Quando se fala de carecas, alguns “colegas de visual” usam a desculpa de que “o cérebro é mais importante que o cabelo” e chegam a citar estudos onde se conclui que os homens “descabelados” são tidos como mais dominadores e mais masculinos do que os cabeludos. Sendo mais confiantes, também se diz que têm mais testosterona e, consequentemente, um melhor “desempenho”. Será? Se isto se vier a confirmar, acho que os homens passam a ter um dilema sério pois estarão divididos entre serem bonitinhos com uma farta cabeleira ou carecas “despenteados” mas com “qualidades extra” para a “função”.

Para aqueles que acabam de descobrir que a “floresta capilar” que têm no alto da cabeça está a ser dizimada a uma velocidade mais acelerada do que seria habitual, que a vai transformar num “campo de aviação”, numa “praça de touros” ou até mesmo num “deserto sem vegetação”, o meu conselho é de que não desanimem, nada está perdido. O aviso é de que não terão desconto no barbeiro – o que não se compreende – mas serão muito mais despachados em frente ao espelho. Ficarão mais bonitos… de chapéu. E devem viver felizes, com a esperança de que se cumpra o adágio popular de que “é dos carecas que elas gostam mais”…