Ainda me lembro de só haver homens nas repartições públicas e no governo, da generalidade das mulheres serem mães e donas de casa e só algumas terem direito a votar, do tempo em que os direitos iguais entre ambos os sexos eram uma miragem. O homem é “que usava calças” e mandava. O resto, era conversa. Ponto final. Mas tudo foi mudando e hoje há uma grande aproximação sem verdadeira igualdade, apesar da lei, um caminho longo que continua a ser percorrido. Mas uma outra coisa se mantem: O homem e a mulher não são iguais, apesar de alguns terem defendido que sim. Em vão pois, a realidade e, agora, a ciência, comprovam as muitas diferenças entre ambos, especialmente no… cérebro. É que, para já, não existe um cérebro unissexo…
O conhecimento das diferenças é importante porque pode salvar relações, casamentos e … muita loiça. Claro, pois muitos dos nossos conflitos, amuos, zangas, discussões, birras, gritarias e até sessões de pancadaria, resultam desse desconhecimento. Fingir que homens e mulheres são iguais é um mau serviço aos dois, é esconder debaixo do tapete o que os separa. Enquanto nós temos um excelente sentido de orientação, já só conseguimos fazer uma coisa de cada vez. Pelo contrário, se elas pegarem no mapa para nos indicarem o caminho para um certo destino, acabam por nos levar a “cascos de rolha”, algures a mais de vinte quilómetros do local onde queríamos ir. Mas têm um cérebro multifunções. E são “emotivas” que, em bom português, quer dizer “choronas”, com ou sem razão, por tudo e por nada. Quando acontece, ficamos sem saber o que fazer, remetemo-nos ao silêncio até que a “tempestade” passe, enquanto elas esperam um abraço e ouvir repetidamente “amo-te”. Já eles, esperam muito por… “sexo”. Nisto de sexo uma mulher para o fazer precisa de se sentir amada, adulada, acarinhada, envolvida, etc., etc., enquanto um homem só precisa… de um local. “Puxamos as orelhas” ao lençol porque a cama é para desfazer, mas elas esticam-no, alisam e dobram com precisão milimétrica, com rigor doentio, tal como no “complexo de limpeza” de que parecem sofrer todas. Ora, nós só detetamos lixo quando “tropeçamos” nele…
Como a grande maioria dos homens, se estou a ver um jogo ou um filme na televisão, podem dar-me recados ou fazerem-me perguntas a que eventualmente respondo mas de que, certamente, não me vou lembrar, porque as “não ouvi”. O meu cérebro só vê o jogo ou o filme, nada mais. Muitas vezes a minha mulher pediu-me coisas enquanto via televisão e eu acenei com a cabeça e até disse “sim”. Quando questionado se já fiz o que me pediu, “jurei a pés juntos” que não me disse nada. E o maior problema é que não acreditava em mim até porque lhe respondi. E aí estava um motivo de conflito… Aliás, ela nem compreendia a minha “limitação” já que via TV, cozinhava, falava comigo e deitava o olho aos filhos, tudo ao mesmo tempo…
Se fossemos a um restaurante, o mais natural era entrar e sair sem me aperceber de quem lá estava. Já ela, como todas, era capaz de saber o nome dos presentes, o que vestiam (especialmente as mulheres) e de saber do que falavam nas mesas à nossa volta. E, voltamos ao mesmo: Se me perguntasse porque é que não cumprimentei o A ou o B e eu dissesse que “não o vi”, a “coisa podia azedar”. Mas há pior, que nunca me aconteceu (para meu alívio…). A percepção das mulheres é tal que, “detetam à distância” se outra mulher “se atira” ao seu companheiro, ainda que ele esteja “a léguas” de se aperceber dessa manifestação alheia. Logo que estejam a sós, está bom de ver como vai ser a “conversa”, pois a mulher pensa sempre que o companheiro estava “a alinhar” no jogo, embora ele não se tenha apercebido da cena… Aliás, no que diz respeito a trair, regra geral os homens“ não veem um boi” se são “enfeitados” enquanto o “sexto sentido” delas permite-lhes detetar rapidamente se “há moira na costa”.
Quando se encontram, os homens falam de automóveis, negócios, futebol e… “gajas”, enquanto as mulheres falam de moda, filhos e … das outras. Uns e outras, perante um mesmo cenário e no mesmo momento, nunca pensam nem veem a mesma coisa. É como se não estivessem a ver o mesmo “filme”…
Se temos um problema, regra geral não o partilhamos nem sequer falamos dele e tentamos resolvê-lo sem “incomodar” ninguém. Já elas gostam de falar sobre o problema, não para que se lhes dê sugestões (podemos até receber uma resposta “torta” se nos atrevermos a propor uma solução) mas somente para serem ouvidas. E nas compras? Quando querem ir a um centro comercial realizar a “dificílima” tarefa de fazer compras, que homem lhes faz companhia de boa vontade? Quem quer andar de loja em loja ao longo de horas consecutivas e assistir, com resignação e paciência, ao “desmanchar da tenda” perante o olhar desolado dos empregados e à cansativa tarefa (para nós) de “provar” dezenas de peças de roupa ou um número infinito de sapatos, sem que isso resulte numa única compra? É que nós (quase) só entramos numa loja para comprar sapatos ou roupa se a virmos na montra e gostarmos. Caso contrário, nem sequer ousamos entrar.
Temos de concluir que homens e mulheres são diferentes, nem melhores nem piores, tão somente diferentes. E é nestas diferentes maneiras de ver a realidade, de encarar os factos, de observar, que resultam muitos dos conflitos porque cada um acha que o outro está errado, que viu e fingiu que não viu, ouviu e diz que não ouviu, que escondeu algo (que não viu) e não disse nada… Se soubermos que nós e elas, por natureza, vemos, ouvimos, pensamos, sentimos e temos prioridades diferentes, talvez possamos poupar em advogados, médicos, antidepressivos e em… mobília. E conseguir viver melhor em comum, com mais prazer. Mesmo no que está a pensar…