Dizem que somos “animais sociais” e, como tal temos necessidade de viver em sociedade, porque não conseguimos viver completamente sozinhos, isolados. Precisamos dos outros, quanto mais não seja para nos chatear. Mas, para que todos possamos viver em sociedade, é preciso que tenhamos consciência de que temos direitos e também deveres, de respeitar os outros e ser respeitados. Para tal, ao longo dos séculos houve necessidade de criar regras, normas e leis para definir os limites, onde as pessoas aceitem abrir mão de certas liberdades para formar uma sociedade civilizada, em que a liberdade de cada um termine onde começa a do outro. Essas regras, além de proibirem comportamentos nocivos, também estabelecem direitos e deveres, proporcionando um equilíbrio entre liberdade individual e segurança coletiva. Assim surgiram as sociedades onde a ordem e a segurança predominam, permitindo aos indivíduos viverem de forma mais pacífica. No entanto, à medida que as sociedades começaram a crescer e se desenvolver, as regras e leis também precisaram evoluir para se adequar a essa nova realidade. Se no princípio as regras eram diretrizes simples para manter a paz e harmonia entre os membros da comunidade, à medida que as sociedades se tornaram complexas, tornaram-se necessárias leis mais sofisticadas e abrangentes para regulamentar as diversas interações humanas e atender ao número crescente de conflitos potenciais a serem evitados ou resolvidos. Mas é importante estabelecer regras e cumpri-las, caso contrário não servirão para nada. E se é verdade que alguns países levam as regras muito a sério, outros há que nem tanto. A título de exemplo: se beber pode guiar? Em quase todo o mundo, não. No Brasil também não. Mas vendo bem, como o condutor não é obrigado a fazer o teste do álcool, então pode. A maior parte de regras como esta e não passar um sinal vermelho nem atirar lixo para o chão, são banais. No entanto, por esse mundo fora há regras e leis que, aos nossos olhos e hábitos, dão origem a proibições estranhas ou até absurdas. Vejamos: os suíços são muito zelosos na luta contra o ruído noturno. Daí que, a partir das 22 horas, é proibido descarregar o autoclismo, tal como é ilegal que um homem urine de pé durante a noite pois provoca ruído que os vizinhos não são obrigados a suportar. Até faz sentido a norma e devia ser imposta cá. Mas, se resolver fazer férias no Burundi e quiser correr em grupo, esqueça porque pode ir parar à prisão. O presidente do país proibiu as corridas em grupo com o argumento de que os participantes podem ser usados por pessoas que estejam a planear atividades subversivas contra o governo. Se lá for, corra sozinho para não ter as autoridades à perna! Já no Dubai, lembre-se que muitos casais estrangeiros foram presos por não cumprirem as normas ao beber álcool ou andar bêbado em público, dançar na rua e algumas demonstrações de afeto entre o casal como beijos ou mãos dadas, drogar-se e até amaldiçoar. Se gosta de cantar Karaoke, tenha muito cuidado nas Filipinas, onde levam isso muito a sério. Se desafinar ou cantar sem respeito por alguma canção, a coisa pode correr-lhe mal. E não tente cantar o My Way, de Frank Sinatra, para não aumentar o número já alto de assassinatos por causa da canção. Nisso de cantar, ou canta a sério ou não canta no Turquemenistão. O “playback” é proibido na TV e em eventos culturais, tal como a ópera e o ballet. Ambos são tidos por “desnecessários”. Os amantes da Coreia do Norte para viverem lá, têm de esquecer o uso de calças de ganga, saias compridas, sapatos compridos, T-shirts e certos cortes de cabelo, além dos piercings, para “prevenir a corrupção moral pública e evitar as tendências capitalistas”. Se lhe passar pela cabeça de morrer no Reino Unido no interior do Parlamento, pode crer que não vai ter essa “sorte”, pois os contínuos retiram à pressa quem tenha um simples desmaio ou se sinta mal. É que morrer lá, dá direito a ser enterrado com todas as honras da coroa num funeral real. Se quer um funeral em grande, é o caminho! Em Singapura não use pastilha elástica e cumpra as regras a sério. Ou “está feito”! Em Eboli, na Itália, nada de dar beijos enquanto conduz, pois sai-lhe caro. Mas os Estados Unidos são o país rei das leis e proibições absurdas e, quando falamos de regras do trânsito, algumas roçam o ridículo. No Alabama, por exemplo, é proibido conduzir com os olhos fechados (eu já tentei aqui quando voltava para casa tarde da noite e cansado. Não é proibido, mas a coisa ia correndo mal). Mas, por incrível que pareça, já é autorizado conduzir em sentido contrário numa rua de sentido único, desde que tenha uma lanterna na frente do carro. As mulheres são discriminadas nalguns estados. Em Waynesboro (Virgínia), é ilegal que uma mulher possa conduzir por uma das ruas principais. Já no Tennesee, as mulheres podem conduzir um carro, desde que haja um homem a correr ou a caminhar à frente dela, agitando uma bandeira vermelha para avisar aos outros condutores e peões de que se aproxima. Em Portugal já vi uma coisa semelhante há muitos anos. Uma determinada mulher levava uma sobrinha com ela sempre que tinha de conduzir. Ao chegar a um cruzamento, a miúda saía para ver se vinha algum carro e só a mandava avançar quando não visse nenhum. Jogava pelo seguro … Na Califórnia, nenhum condutor pode saltar do seu carro quando este exceda as 65 milhas por hora (105 km/h), nem conduzir com uma bata vestida. Em Denver não se pode conduzir um automóvel negro aos domingos, enquanto na Geórgia não se pode cuspir de um carro em movimento ou dum autocarro, embora os condutores de camiões o possam fazer. Como os portugueses estão habituados a cuspir, julgo que também podem! E, finalmente, muita atenção. Se alguém deixar o seu elefante amarrado num parquímetro na Florida, tem de pagar a taxa de estacionamento como se de um carro se tratasse. Um último aviso: Se conduzir acompanhado de um gorila no Massachusetts, cuidado, pois a polícia pode multá-lo. Não sei se por pensarem que o gorila é quem vai a conduzir …