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Não sou utilizador das redes sociais e, por isso, talvez considerem que vivo na idade da pedra. É verdade, não uso o Facebook nem o Twitter e, francamente, não tenho sentido a sua falta. Mas o meu nome deve aparecer como subscritor do primeiro já que o meu filho criou uma página (é assim que se diz?) para fazer de mim utilizador desta “ferramenta de comunicação”. Mas não passou disso. Nunca a abri, “não sei como se faz, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”, como diz o povo. Mas respeito quem aproveita a sua utilidade para contactar pessoas, partilhar receitas, dizer de onde veio, onde está e para onde vai, contar histórias, cruzar vidas, enfim, “fazer amigos”. Os criadores do Facebook e das outras redes são visionários e fizeram algo que já ultrapassa o próprio Google. A sua utilidade é inquestionável para as empresas, instituições e pessoas, sendo uma ferramenta poderosíssima de divulgação e comunicação. Tiro-lhes o meu chapéu (se o tivesse…). Do Papa Francisco ao cidadão anónimo, do presidente americano ao político mais anónimo de uma assembleia de freguesia, todos fazem questão de tirar partido desse meio de comunicação que já ninguém ignora (a não ser eu e mais alguns “nabos” como eu…). E, para o bem e para o mal, passa-se a vida a “twittar” ou agarrado ao Facebook. Se só este já tem mais de mil milhões de usuários. Ora, isso quer dizer que eu é que estou errado ao não aderir à moda. Mas, como “burro velho não toma andadura”, fico na minha “a zurrar sozinho”.

Diz-se que as redes sociais e a internet “aproximam quem está longe e distanciam quem está perto”. Ainda há dias via isso numa família sentada à volta da mesa do café, com os seus quatro membros “agarrados” ao Ipad e ao telemóvel, “ausentes”, “bem longe” uns dos outros… Provavelmente, estavam a sentir-se “perto” de alguém, lá longe…

Os políticos cedo perceberam o poder das redes e por isso não há político que se preze que não tenha a sua página, a sua “roda de amigos” (que convém que sejam também votantes) onde se mostram cheios de virtude, muito humanos, cidadãos honestos preocupados com os problemas da sociedade, em suma, uma chatice… A ilusão a respeito de si próprios…

As redes sociais tornaram-se um bem que, quando convenientemente usado, pode dar um contributo importante à sociedade. Mas há usuários que ultrapassaram o bom senso no seu uso e se viciaram na rede à qual se “ligam” com grande frequência, onde “põem a nu” a sua vida na praça pública, sem limites, sem pudores, sem qualquer cuidado, numa espécie de “Big Brother”. E relatam onde estão, o que vestem, o que comeram, com quem se encontraram, a que horas saem de casa e quando regressam, o que pensam e o que esperam pensar mais tarde, enfim, um desnudar do corpo e da alma… Alguém dizia que as redes sociais são importantes para muitas coisas mas, quando se trata de “fazer amigos”, “curtir”, etc… da forma como têm sido usadas, não passam de uma “hipnose coletiva” onde todos falam de si mesmos, dos outros, para uns e para todos, mas ninguém os leva a sério, numa afirmação virtual de quem não vive no mundo real. E vale tudo, ou quase. Todos têm carta branca para falar, comentar, criticar, cantar, gritar, insultar, elogiar e o que bem entenderem, num espaço onde não existe o “olho no olho”, o aperto de mão, o abraço, os cheiros da comida ou do perfume, o calor das pessoas, o convívio humano real. O que fica da reunião de amigos?

Diz-se que o indivíduo viciado nas redes, faz delas o seu divã e ao “postar”, acha que cumpriu a sua parte de cidadão, sem perceber que nem sequer saiu do lugar, do conforto.

As redes sociais em muitos aspetos desvirtuaram-se do seu objetivo que era de fazer uma onda de amigos para virarem muitas vezes num mecanismo de alienação onde qualquer um pode escrever o que lhe apetece para um público que não está lá. E diz-se que é considerável o número de usuários que se enquadra aí. É natural que quem trabalha muito precise de momentos de ócio e de lazer para “desligar”. É assim que hoje se passam os momentos de ócio… no Facebook. Aí divaga-se, esquecem-se responsabilidades e invertem-se papéis: O professor vira aluno e o aluno professor, o psicólogo vira doente, o analfabeto intelectual e aí por diante.

Um velho amigo escreveu-me dando-me conta do que “anda a fazer:

“Atualmente estou a tentar fazer amigos fora do Facebook… mas usando os mesmos princípios. Todos os dias saio à rua e durante alguns metros acompanho as pessoas que passam e explico-lhes o que comi, como me sinto, o que fiz ontem, o que vou fazer mais tarde, o que vou comer esta noite e mais coisas. Entrego-lhes fotos da minha mulher, dos meus filhos, do meu cão, minhas no jardim, na piscina e fotos que fazemos no fim de semana. Também caminho atrás das pessoas, a certa distância, ouço as suas conversas e depois aproximo-me e digo-lhes que “gosto” do que ouvi, peço-lhes que a partir de agora sejamos amigos e também faço algum comentário sobre o que ouvi. Mais tarde partilho tudo com outras pessoas.

E funciona…

Já tenho três pessoas que me seguem…

São dois polícias e um psiquiatra”…

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