Os historiadores do palito (sim, também há destes historiadores…) dizem que o uso deste instrumento remonta ao tempo dos nossos antepassados mais “distantes”, segundo achados arqueológicos. Ora, o que nós sabemos hoje é que o nosso amigo palito (não o Manuel “Palito”, esse tem outra história…) é um pequeno pedaço de madeira, fino e afiado nas pontas, usado para retirar o “lixo” dos dentes. É certo que também os há de plástico – mas “valem poucas nozes”- para além de materiais nobres como prata e ouro, muito raros como se compreende… E, há alguns anos, até a unha comprida servia… Apesar da concorrência, por cá subsiste o hábito do seu uso regular, com preferência (quase) total para o palito de madeira. Se a madeira for macia, ajusta-se bastante bem aos intervalos entre dentes, molda-se, é menos agressiva mas, frequentemente parte e depois é uma “chatice” para retirar a ponta que ficou “entalada”. Já quando a madeira é rija, não se parte nem se molda mas, de vez em quando, juntamente com os detritos, “limpa” o “chumbo” de um ou outro dente, quando não o parte. É por isso que os dentistas desaconselham o seu uso mas, “cá para nós que ninguém nos ouve”, no seu íntimo até agradecem que o usemos regularmente porque é a forma de terem mais clientela pois, como dizem os “cangalheiros, “não quero que ninguém morra, mas quero que a minha vida corra”.
Foi o americano C. Forster o primeiro grande fabricante mundial desse pequeno instrumento- Depois de descobrir o encantador sorriso das mulheres brasileiras, descobriu também que isso se devia à higiene bucal que faziam com palitos de salgueiro. Foi aí que “viu” o negócio pelo que mandou fazer uma máquina para os produzir industrialmente, o que lhe valeu fama e fortuna. Para além disso, soube “vendê-lo” ao mercado ao ponto de se tornar moda palitar os dentes depois da refeição. Havia até quem se encostasse à entrada de restaurantes conceituados de palito no canto da boca, dando a entender que comera ali. O negócio deste pequeno “pauzinho” começou a cair quando se descobriu e tornou barato o fio de nylon (fio dental) e mais tarde, quando o hábito de palitar os dentes à mesa deixou de estar na moda e passou mesmo a ser considerado um gesto de mau gosto.
Uma das anedotas da minha juventude dizia que, “no tempo da outra senhora”, Churchill veio a Portugal a convite de Salazar e, no final do almoço, pediu um palito. Depois de o usar, embrulhou-o e meteu-o no bolso do casaco, para surpresa do nosso primeiro ministro. Ao jantar pediu outra vez um palito que voltou a meter no bolso depois de o utilizar. Salazar não comentou mas, quando estava nas despedidas no aeroporto a curiosidade venceu-o, acabando por lhe perguntar o porquê de guardar os palitos usados. E Churchill respondeu: “Sabe, quando chegar a Inglaterra, os palitos vão para as nossas fábricas, são lavados, esterilizados, embalados e vendidos para Portugal para voltarem a ser usados”. Salazar acenou com a cabeça, mas calou-se. Quando meses mais tarde retribuiu a visita a Churchill, depois da reunião e do jantar, às “tantas da noite” foram “às meninas” a convite do anfitrião. À saída, Salazar trazia o preservativo que usara, deu-lhe um nó, meteu-o num saco e guardou-o no bolso do casaco. O primeiro ministro inglês não se conteve e perguntou-lhe logo porque razão guardara o preservativo. Salazar também foi pronto na resposta: “Sabe, quando eu chegar a Portugal, isto vai para as nossas fábricas, será lavado, esterilizado, reciclado e embalado para ser vendido em Inglaterra como… “pastilha elástica”.
Apesar da modernidade nos ter trazido a escova de dentes, o fio dental (não, não é o “fio dental que alguns estão a imaginar…) e, mais recentemente, os pequenos escovilhões de limpeza que mais parecem miniaturas das escovas de desentupir canos, o palito continua a ser o instrumento preferido dos portugueses para cuidar do “corta palha” depois das refeições, mesmo contra as recomendações do “manual das boas maneiras”. Mas, “como é bonito” ver um homem a sair do restaurante com o palito na boca a dançar dum canto ao outro, enquanto fala ou ri!!! Deve pensar que é “decorativo”… No entanto, dizem que só o é se for aos pares e um pouco mais acima…
Nunca fui um folião nem usei qualquer máscara no Carnaval (já me basta a minha…), mas recomendo a todos aqueles que se queiram divertir no próximo ano, que se “disfarcem de croquete”. É uma máscara muito económica, perfeitamente ajustada aos tempos de crise que vivemos. Nem sequer precisam de ir às lojas da especialidade, pois podem prepará-la em casa de forma fácil e barata. Como é o disfarce de croquete? Muito simples: Nu e com um palito no rabo… E cada um pode escolher o tamanho do “palito”…
E isto do palito veio à baila porque, como já tenho um certo intervalo entre “as teclas”, no final das refeições retiro o “lixo” com o tal escovilhão. Mas hoje, quando comia um dióspiro, ao mastigar senti uma lasca entre a fruta. Quando fui ver o que era, deparei-me com um bocado de massa dentária, o vulgar “chumbo”. Recordei-me então que tinha usado um palito rijo numa limpeza de emergência. E limpei também o “chumbo” dum dente… Foi quando me veio à memória o conselho do dentista… mas já era tarde. Azar o meu … sorte a dele!!!