Olhamos, e o que vemos nós e elas?

Têm sido muito simpáticos e generosos os leitores do TVS, com diversos tipos de manifestações de apreço por estes modestos artigos, expressas de diversas formas, o que me faz “inchar” o “Ego”, de tal maneira que já tive de comprar roupa dois tamanhos acima… Bom, o que nunca me tinha acontecido foi, para além dos elogios, receber dois conselhos “orientadores”. É verdade.

O primeiro, veio de alguém que me sugeriu que “não falasse de política”, o que eu entendo ser um condicionamento dos meus direitos e deveres de cidadania. E, confesso, sou como os burros pois, quando sinto que estou a ser empurrado, “enfinco as patas” e não ando mesmo. Bom seria que nessa área não tivesse matéria prima para escrever mas, “para mal dos nossos pecados”, os políticos dão-nos todos os dias razões para pôr a nu os seus desmandos. E as pontas do “icebergue” que têm vindo à superfície nos últimos tempos são razões de sobra para estarmos preocupados…

O segundo, veio de pessoa amiga após a saída do último número do jornal, sendo o conselho no sentido de que escrevesse menos artigos “pesados” e que me inspirasse mais noutro material, talvez mesmo no que vinha na primeira página do TVS, que era bem mais agradável. Como ainda não tinha lido o jornal, a minha preocupação foi aceder a um exemplar para me concentrar nessa coisa “tão agradável” de que ele me falara… Quando o desdobrei, fixei a minha atenção na fotografia do novo presidente da Adega Cooperativa de Lousada (e o senhor Francisco Meireles que me perdoe). Seria isso? Mas, ao desviar o olhar para a esquerda, dei conta do meu lapso e percebi que a tal coisa “agradável” que o meu amigo referira, era a imagem da Miss Fashion Beauty Universal, que até tem raízes em Lousada. E é bem digna do título que conquistou…

Ao olhar para a sua belíssima figura fiz a mim mesmo uma pergunta que já tenho feito noutros momentos, como quando está a atuar um cantor com as suas “assistentes” num desses programas de televisão nas tardes de fim de semana ou até mesmo no programa diário do Preço Certo e em muitos outros, televisivos ou ao vivo: Onde é que os espectadores, homens e mulheres, concentram o seu olhar e a sua atenção? Na música? No cantor? Na notícia do jornal? Nos adereços?

A curiosidade fez com que colhesse dados e ouvisse gente, tendo começado pelos homens. E só confirmei o que os meus olhos me diziam: Nós ficamos com os olhos nas “partes” expostas das bailarinas, assistentes e companhia, quando não da cantora, (e que são exibidas com essa finalidade), sendo que na maioria dos casos não chegamos a saber se a música é boa ou não, até porque o termo “boa” já está ocupado… E quase nem ouvimos se o cantor diz “e nós, pimba, e nós, pimba” ou “ai eu levo no pacote” ou “quero cheirar teu bacalhau”. Mesmo no Preço Certo, sempre que são mostrados os produtos pelas assistentes, os olhos estão quase só nos “seus produtos” e não propriamente nos produtos que mostram…

Mas, curiosamente, as mulheres têm tendência em focar a sua atenção… também nas mulheres. É verdade!!! De certo modo, para “avaliarem a concorrência” e poderem dizer a si próprias que elas “têm gordura a mais”, “cintura larga”, “medidas desproporcionadas”, “pernas mal feitas”, em suma, pormenores que as desvalorizem… E só olham para os homens se forem esculturais e, mesmo assim, de relance. É que, as “outras” é que são a preocupação, o inimigo…

Aliás, esta manifestação feminina é sintomática do seu comportamento quando vão a um casamento. O “seu momento” não é propriamente o casamento em si mas o tempo que o antecede até à chegada ao local. O seu maior prazer é a preparação, a novidade do vestido exclusivo, acessórios e maquilhagem até à “entrada em cena”… para arrasar. E o prazer é tanto maior quanto mais inveja conseguem suscitar nas outras, na “concorrência”…

Isto fez-me recordar algo do tempo em que eu, como técnico agrícola, fazia demonstrações práticas junto dos agricultores para aumentarem as produções por hectare, só com a alteração de algumas técnicas de cultivo, nomeadamente na produção de batata, milho e outros cereais. Ao fim de alguns anos nesse trabalho, com provas de que tal era rentável e facilmente alcançável, cheguei a uma conclusão prática: A maioria dos agricultores de então não estava interessado em que o seu milho fosse bom ou muito bom. O que eles estavam interessados é que o milho do vizinho fosse pior do que o seu… O que não sei se é bem o caso das mulheres…

As manifestações de sensualidade feminina, umas vezes muito exibidas e outras mais insinuadas, usadas frequentemente para venderem todo o tipo de produtos e bens de consumo sejam eles música, concursos, artigos de beleza, iogurtes, águas minerais, flocos de cereais e tantas outras coisas, são motivo para porem a “moral” dos homens em alta (há quem lhe chame outra coisa) e o “radar” das mulheres em alerta máximo (sem precisarem de aprender nada com os morcegos). Certo é que, os homens, ficam em plano secundário,

longe dos holofotes e da atenção, sendo elas quem mais imagem vende.

Cá para nós que ninguém nos ouve, eu prefiro que seja assim, porque é sempre um prazer (e um ato de cavalheirismo) dar prioridade às mulheres nas manifestações de sensualidade. E como eu gosto muito de ver…

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