Já agora, porque não mudar de língua?

Ponderando bem, se fosse deputado da nação propunha que se deixasse de falar português em Portugal. Sim, eu disse e repito: DEIXASSE DE FALAR PORTUGUÊS.

Ao que parece, é uma língua de parolos, de gente atrasada num país velho e de velhos, que nem é boa para ser cantada. Dizem que é difícil e basta ver as notas nas escolas, as piores a par da matemática. Só não percebo porque será que as nossas crianças a aprendem com tanta facilidade!!! Provavelmente por serem inocentes, o que quererá dizer que é uma língua de “inocentes”…

Para além do mais, com o novo acordo ortográfico (e com o que não está no acordo), qualquer dia o português irá mudar para brasileiro. Vale a lei do mais forte pois sempre são duzentos milhões contra dez. É só uma questão de tempo…

Para a substituir, admiti propor o mandarim como língua oficial pois é na China que está o futuro dos negócios, o poder mundial e até já são donos de parte do nosso património e das nossas empresas (agora também do BES Saúde), pelo que sempre ajudaria se falássemos a língua deles. Mas, se calhar não é o momento, porque ainda não temos… “os olhos em bico”. Mas estamos quase…

Depois lembrei-me do alemão, apesar de ter uma pronúncia “arrevesada”. Acabei por desistir desta opção com receio de nos obrigarem a ter olhos azuis e marchar “à ganso”.

O espanhol recusei-o logo à partida porque, apesar de se dizerem “nuestros hermanos” nunca foram sequer nossos primos. E, como já tivemos de os correr à “padeirada”, será melhor não ter de repetir a experiência…

Sobrou-me o inglês, que vem mesmo a calhar porque a malta só quer quem “lhe dê música” nesta língua. E, diga-se de passagem, temos meio caminho andado pois há partes do território nacional onde já é a língua dominante. Falo do Algarve. De tal forma é que, dentro de alguns anos, para se encontrar nativos daquela região, só visitando as reservas de “índios algarvios” instaladas nas serras do Caldeirão e Espinhaço de Cão, assim a modos como se fez na América para preservar alguns para turista ver… Daí que, quando nos atendem, começam por falar inglês.

Bom, seria uma proposta estúpida, não acham? Mesmo assim, acredito que seria subscrita por muito “boa” gente…

Isto veio-me “à mona” porque há dias fui a uma agência da Caixa Geral de Depósitos e, para ser atendido, retirei uma senha duma maquineta. Qual não foi o meu espanto ao ver que estava escrita em inglês. Toda. Até o número que, por coincidência, é o mesmo na nossa língua. Isto no banco do Estado!!! Olha se fosse num privado… Um péssimo exemplo de uma entidade pública, uma falta de respeito pelos seus clientes… portugueses, uma discriminação de muitos.

Os estrangeirismos, são palavras e expressões de outras línguas que se usam como um “empréstimo” quando não temos correspondentes na nossa. Acontece especialmente com termos técnicos. No entanto, assistimos ao uso e abuso de palavras, geralmente inglesas, por tudo e por nada, renegando as nossas, numa manifestação de vaidade e presunção, excluindo toda a população que não fala essa língua.

Não tenho nada contra quem aprende inglês. Pelo contrário, acho útil e importante. Mas… cada coisa no seu lugar.

O português tem palavras de origem latina, grega, árabe, francesa, inglesa e outras. Até por isso, tem grande riqueza e variedade de palavras, pelo que é uma patetice o uso de estrangeirismos desnecessários, num exibicionismo bacoco só porque é chique.

Dizia um “fulano” que ia para o Algarve num voo “low cost” fazer um “workshop” e ficava alojado num “Country Hotel”. Fiquei a perguntar-me se ele sabia o que significavam aqueles palavrões…

Porque é que uma Central de Chamadas se tem de apregoar como “Call Center”? E um Livro como “Book”? Ou um Intervalo numa reunião como “Coffe Break? Será que os ingleses usam algumas palavras portuguesas para se exibirem ou mostrarem que são cultos?

O que pensa o cidadão comum que não sabe falar inglês (nem tem essa obrigação) ao ouvir nos meios de comunicação social e fora deles gente que, para ganhar “estatuto”, tem necessidade de nos impingir “fashion”, “show-business”, “test-drive”, “lay out”, “printer”, “style”, “ranking”, “user name” etc., como se não tivéssemos palavras para dizer o mesmo? Provavelmente diria o que ouvi a uma senhora perante um caso destes: “Não percebi patavina do que aquele tipo disse. Esteve mas é para ali a armar ao pingarelho…”

Até os empresários utilizam cada vez mais palavras inglesas para denominarem o seu estabelecimento comercial, o serviço, a empresa, como se os nomes portugueses fossem maus para o negócio. Clara manifestação de um complexo de inferioridade, uma submissão pelas palavras à superioridade económica e social de outro país.

Dizia Fernando Pessoa que “a minha pátria é a língua portuguesa”, o que não parece acontecer com muitos portugueses. Talvez tenham vergonha de falar… português.

Nunca comprei um “ice cream”. Desde criança que só gosto de sorvete. É bom, é gelado e diz bem com a minha língua…

Passei a vida a ouvir dizer mal dos ingleses por se terem aproveitado na aliança que tiveram connosco. Mas agora, ao que parece, acham normal que nos devemos “inglesar”, querendo ser o que não somos.

Como dizia José Saramago, “não entendo porque bradamos contra a colonização se, no fundo, gostamos de ser colonizados”.

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