Adão e Eva foram felizes. Sem sogra …

O camião seguia à minha frente e, quando me aproximei, li a frase escrita em letras garrafais na traseira do veículo: “Feliz foi Adão que não teve sogra nem camião”. Não sei se o motorista tinha sogra ou se aproveitou o tema para “aligeirar” a dimensão do obstáculo que é um camião à frente de um ligeiro. E lembrei-me deste hábito que quase todos os homens têm de fazer piadas sobre sogras, mesmo que as não tenham ou, no caso contrário, tenham de dar graças a Deus pela sorte que têm com a sua. Sabe-se que é muito mais raro existir problemas entre sogra e genro e mais comum a guerrilha entre sogra e nora. É que o homem acaba por ser “adotado” pela família da mulher, mas a mulher, em geral, é vista como intrusa e questionada na família dele. Diz a estatística que os conflitos são mais frequentes entre as noras e suas sogras e a ciência descobriu que essa rivalidade está associada à existência da menopausa. O que nós ficamos a saber atualmente!!! 

E a prova de que sogras difíceis não são o maior problema da vida de um homem é o caso de Giovani Vigliotti, o americano que casou 104 vezes entre 1940 e 1981, usando o seu nome e mais 50 pseudónimos. As suas 104 sogras foram um problema bem menor que os 34 anos de prisão que apanhou por ter cometido tantas ilegalidades para estabelecer tal performance…

Em geral, os homens não desgostam das sogras. Não são o problema que domina a vida deles. Como diz um provérbio polaco, “o caminho para o coração da sogra é através da filha”. Aquilo que a maior parte das mães das mulheres quer, mais que tudo, é ver as filhas felizes. E não precisam de chegar tão longe como o Luís Costa, agricultor que foi notícia no Brasil, não pelos produtos agrícolas que produzia, mas por ter tido 50 filhos de duas mulheres, de uma cunhada e, veja-se lá, da sogra. E ainda há homens a fazer humor com a sogra, quando até podiam fazer coisas mais interessantes com ela! Ou estarei errado?  “A mulher foi a melhor coisa que Deus fez no mundo”, afirmou ele para justificar os 4 relacionamentos que teve, inclusive com a sogra que passou para, além da condição de mãe da mulher, mãe de um dos seus filhos …

A maioria dos dramas da vida real são provocados pela mãe dele, a sogra da mulher. Estudos indicam que mais de metade das sogras delas causaram-lhes problemas. Não sendo geral a todas as noras, uma sogra que se mete na vida do casal e opina permanentemente, implica e chateia até mais não, pode ser fatal para o relacionamento. 

O sentimento de posse de algumas mães pode transformá-las em sogras difíceis. Muitas consideram-se donas dos filhos desde o seu nascimento. Assim, quando um homem que já tem “dona” resolve levar a namorada para casa, a reação da sogra é considerá-la como uma ameaça ao seu poder materno. E reage com críticas, implicações e chantagem emocional. Por detrás de tudo, esconde-se uma disputa pelo poder de dominar o mesmo homem. A maioria das sogras tem um medo de perder o seu filho para outra mulher. Desde logo há uma sensação de perda e ciúmes e a nora passa logo a ser a vítima da ira da mãe do rapaz. O problema começa quase sempre logo no primeiro encontro, até porque há um preconceito dos dois. Por um lado, sogra é uma palavra que intimida. Do outro lado, conhecer a mulher que a vai substituir, é desesperante. Dizia uma mulher nas redes sociais: “Minha sogra não entende que o filho dela casou … que tem filhos … que cresceu … e que já é pai de família” …

“Um homem conheceu uma mulher maravilhosa e ficou noivo. Nesse dia combinou um jantar com a mãe para lhe apresentar a noiva. Ora, quando chegou a casa dela levava 3 mulheres, uma loura, uma ruiva e uma morena. A mãe dele perguntou-lhe porque é que tinha levado 3 mulheres em vez de uma só e ele respondeu que era para ver se ela conseguia adivinhar qual era a sua futura nora. A mãe olhou as três mulheres minuciosamente e respondeu: “É a ruiva”. “Como acertaste logo à primeira”, perguntou-lhe o filho. E ela retorquiu: “Porque não posso com ela” …

Adão e Eva foram o casal com mais sorte no mundo, pois nenhum deles tinha sogra. E quando perguntaram a Lenine qual deveria ser o castigo máximo para a bigamia, respondeu: “Duas sogras”.                  

O drama com as sogras acontece em todo o mundo. Na Rússia, onde os jovens casais vivem com os pais por falta de casas, criou-se uma cultura forte de ódio à sogra. Na Espanha existe uma doença que se diz ser causada pelas sogras. Na capital da Índia existe uma ala das prisões especificamente para sogras por exigirem dotes excessivos às noras e romper casamentos. Na Espanha e Itália, uma sogra pode ser processada por prejuízos ou arruinar o casamento. Alguém descobriu uma excelente forma de resolver o problema da sogra e de mantê-la à distância. Tão simples quanto isto: “Basta conseguires convencer a tua sogra a andar quinze quilómetros por dia. Ao fim de uma semana apenas, ela estará a mais de cem quilómetros de distância”.

É verdade que ser sogra pode ser muito difícil, pois habitualmente as noras têm um vínculo forte com as mães. É com elas que discutem e trocam impressões com grande pormenor sobre as mais pequenas coisas e é normal que uma rapariga confie mais na própria mãe do que na sogra. Isto pode provocar ciúmes na mãe do parceiro e gerar que esta comece a especular: “Ela trata-o bem?”, “Ele está a comer aquilo de que gosta?” ou “A casa está limpa e arrumada como ele quer”? Ora, como os filhos raramente falam com as mães sobre isso, elas sentem-se excluídas e resistem, forçando a sua presença que vai acabar por não ser bem aceite pela nora. E “temos o caldo entornado” se ela persistir. 

Há alguns anos uma mulher disse-me uma frase que não conhecia: “A minha sogra e eu fomos felizes durante vinte e sete anos. Mas então, conhecemo-nos”. E nessas palavras transmitiu todo o mal-estar que existia entre ambas a partir do momento em que casou com o filho dela, tendo-lhe estabelecido limites para evitar chantagem emocional sobre o marido como “depois de tudo o que fiz por ti” ou “tu já não te ralas comigo” e outras.

Para nós homens as queixas das sogras são mais humorísticas do que relativas a um problema real. Daí histórias como esta: “A minha sogra apareceu-me hoje de manhã. Quando eu fui à porta, ela perguntou-me: – Posso ficar aqui uns dias? – Claro que pode”, repliquei e fechei-lhe a porta”. 

Para o bem e para o mal, a sogra é a mãe da ou do companheiro/a de vida, um membro de pleno direito da família, uma peça importante para a harmonia do casal. Se ela “desafinar” e não estiver em sintonia, pode estragar a “orquestra familiar” e acabar por fazer com que cada um “toque para o seu lado”. Ora, no tempo em que já não é nada fácil conseguir obter um “dueto” em sintonia harmoniosa, uma ajuda que só vem atrapalhar é perfeitamente dispensável. E então é caso para cantar: “Eu gosto muito da minha sogra, mas quero vê-la bem longe de mim” …

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