… E a briga começa!!!

Encontrei o pai de uma pessoa amiga que enviuvou há pouco mais de um ano, mas tem tido muita dificuldade em aceitar a perda da mulher para a doença oncológica. Perguntei-lhe como andava e manifestou-me as dificuldades que tem, especialmente à noite. Não consegue dormir por ficar a pensar nela noite dentro. Depois desabafou: “Sabe, estivemos casados quase quarenta anos e nunca tivemos uma única discussão. Tínhamos uma relação perfeita”. Quando nos separamos fiquei a pensar que eles deviam ser um caso único pois não conheço nenhum outro casal onde a briga nunca tenha acontecido. É que para um casal normal, dum momento para o outro e quando menos se espera, a discussão acontece. Em muitos casos acaba por ser um pretexto ou até mesmo um caminho para chegar ao prazer porque a forma que o casal encontra de conseguir a paz é … fazendo sexo.

Depois de se reformar, o senhor Manuel foi a uma repartição tratar de assunto pessoal. A mulher que o atendeu pediu-lhe o cartão de cidadão para verificar a idade.  Ele procurou na carteira, mas não estava. Depois remexeu os bolsos todos até perceber que o tinha deixado em casa. A funcionária disse então que lamentava, mas ele tinha de o ir buscar para comprovar a idade. Porém, ela refletiu e pediu-lhe: “Desabotoe a camisa”. O senhor Manuel, apanhado de surpresa, desabotoou-a, deixando expostos os pelos crespos e prateados do peito. A funcionária olhou e comentou: “Esses pelos no peito são a prova mais que suficiente para mim”. E atendeu-o.
Quando chegou a casa, muito entusiasmado contou logo à mulher o que tinha acontecido e que o problema fora resolvido. E ela, em tom acutilante, ripostou: Porque não baixaste as calças? Também podias ter conseguido um atestado de invalidez permanente”. E a briga começou …

A vida a dois nem sempre é fácil, pois “encaixar” personalidades e fazer funcionar a relação exige trabalho, paciência, empenho e saber abdicar. Se antes era a mulher que tinha de “baixar a bola”, hoje já não há primazia de nenhum dos lados e, por isso, quando se dá uma briga, batem de frente. Todos sabemos que por norma o homem interessa-se mais por futebol, negócios e automóveis, além de ter uma paixão anormal pelo sofá em frente à televisão onde, depois de “instalado”, TV ligada e cerveja na mão, “nunca ouve mais nada”. Já a mulher gosta de falar de moda, dos filhos e das outras. Ora este desencontro de prioridades é, só por si, um problema. Daí que, se nos primeiros dias da relação está tudo bem porque o “entretenimento” não deixa tempo para o resto da vida, à medida que o entusiasmo (e o “apetite”) cai, as outras coisas ocupam-nos mais e mais e o facto de não estarem de acordo nisto ou naquilo acaba por ser normal. Só que, o “bate-boca” começa e a típica briga “por nada” faz com que a chatice se transforme num problema e o problema numa discussão séria.

Marido e mulher estavam sentados numa mesa no encontro dos antigos alunos do liceu e ela ficou a olhar para um antigo colega que estava sozinho na mesa próxima, já a cair de bêbado. O marido perguntou: “Conheces”? “Sim,” disse ela com um ligeiro sorriso. “É um antigo namorado. Disseram-me que começou a beber logo depois de eu o deixar há muitos anos e nunca mais ficou sóbrio” … “Fantástico…”, disse ele. “Quem diria que alguém pudesse festejar durante tanto tempo”!!! E aí a zanga começou…

Diz o ditado que “o casamento tem a ver com amor e o divórcio com dinheiro”. O caminho mais curto para o divórcio começa muitas vezes com brigas feias sobre questões financeiras. Daí as estatísticas indicarem que os casais casados discutem mais sobre dinheiro do que sobre qualquer outra coisa. Por isso, se não quer que as finanças levem à falência o seu casamento, seja rico(a) o suficiente para dar à outra parte um cartão de crédito sem limite …

Se a sua mulher lhe manifestar que gostaria de ir a um lugar caro não caia na asneira de a levar a uma bomba de combustível. Fica logo o caldo entornado, porque ela quer um sítio de coisas caras, mas não tanto …

Mesmo a brincar, se a sua mulher for muito pesada, nunca lhe diga que o médico o proibiu de “comer coisas gordas”, pois pode ser mal interpretado. E nem lhe elogie a visão se ela se estiver a lamentar do aspeto envelhecido e flácido em frente do espelho, como se este lhe devolvesse uma imagem que não é a dela.

O homem normalmente não gosta de se envolver em discussões porque acredita que minam o relacionamento e por isso evita o confronto que ela tende a provocar. Mas a verdade é que os assuntos mal resolvidos são “pedras no sapato” deles e que, a qualquer momento, podem explodir.Dizem por aí que “o casal perfeito é aquele que briga por tudo, mas não se separa por nada”. A mim parece-me música para adormecer meninos, um bocado como “quanto mais me bates, mais gosto de ti”. Vale a pena viver no inferno só para ganhar o prazer da reconciliação? 

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