Afinal, ainda há quem me surpreenda …

Admiro a genialidade criativa, científica, artística, intelectual, etc. do ser humano, que ultrapassa tudo aquilo que eu poderia imaginar quando jovem adolescente. No entanto, nesta fase da vida já nada me surpreende e, muito menos, me espanta. Diria mesmo que, o que leio, ouço, vejo ao vivo e nos meios audiovisuais ou me é dado a conhecer de outra forma, tornou-se quase banal, não havendo lugar para abrir a boca de espanto pelo último invento, pelo desempenho ou proeza de um atleta de elite ou pela descoberta de um cientista genial. Se achei admirável comunicar pelo primeiro telemóvel a que tive acesso, a partir da Suécia, quase do tamanho dum tijolo, a chegada de novos modelos sofisticados, cada vez mais impressionantes em velocidade, na redução de tamanho e acréscimo da capacidade, multiplicidade de funções e fiabilidade, foi e é encarada com naturalidade, como sendo só “mais um novo modelo de telemóvel”, enfim, uma banalidade que já não surpreende. 

De igual forma admiro Albert Einstein, símbolo da genialidade, que representa o potencial e a capacidade de uma mente excecional, de alguém que foi mais longe que todos os outros, além de muitos mais cientistas responsáveis por novas descobertas, mas que já não me deixam de boca aberta. São o resultado da mistura de inteligência, persistência e muito, muito trabalho. Uma consequência lógica de quem se dedicou intensamente a uma causa e usou o seu cérebro em pleno. É que, nesta máquina muito complexa que é cada um de nós, o cérebro, além de ser o comando do corpo, molda tudo o que somos. Por essa razão houve um enorme interesse da comunidade científica no estudo do cérebro de Einstein após a sua morte, à procura de algo que fosse responsável pela sua genialidade. 

Até conhecer há poucos dias a história de Edgar Cayce eu podia dizer que nada me surpreendia, mas agora dou comigo a tentar encontrar explicações para o que ele fez e como foi possível. Surpreendam-se também!!!

 “O pequeno Edgar Cayce estava doente e o médico mantinha-se à sua cabeceira. Não havia nada a fazer para salvar o garoto do estado de coma. Mas bruscamente, enquanto dormia, a voz do miúdo elevou-se, clara e tranquila, dizendo: “Vou dizer-lhes o que tenho. Apanhei uma bolada de base-ball na coluna vertebral. É necessário fazer-me uma cataplasma especial e aplicá-la na base do pescoço”. E, com a mesma voz, o garoto ditou a lista das plantas que era necessário misturar e preparar. “Despachem-se, senão o cérebro arrisca-se a ser atingido”. Por descargo de consciência, obedeceram-lhe. Ao anoitecer, a febre descera. No dia seguinte, Edgar deixava a cama, tão fresco como uma alface. Não se lembrava de nada e desconhecia a maior parte das plantas que indicara”. Assim nascia uma das histórias mais incríveis da medicina. Como é que Edgar Cayce, camponês dos Estados Unidos, completamente ignorante, lamentando sempre não ser “como toda a gente”, tratará e curará em estado de sono hipnótico mais de quinze mil doentes, devidamente confirmados pelas autoridades? 

Foi muito contrariado que aceitou fazer uso dos seus poderes para ajudar os doentes, em especial os desenganados da medicina, tendo exigido como condição que alguns médicos assistissem às sessões e de não receber um tostão, nem sequer o mais pequeno presente. Foi assim que o secretário local do Sindicato dos Médicos reuniu uma comissão de três, para assistir a todas as sessões, com espanto. De tal forma que o Sindicato Geral lhe reconheceu as faculdades e autorizou oficialmente a dar “consultas psíquicas”.

Virou notícia quando um médico homeopata, Wesley Ketchum, com problemas de saúde que o próprio e seis médicos diagnosticaram ser apendicite, quis pôr à prova os poderes de Cayce. Este, que não sabia da cirurgia, disse-lhe que era um problema de coluna, o que se viria a confirmar na semana seguinte para grande surpresa de Ketchum que o elogiaria publicamente como “uma maravilha médica”. A partir daí limitou-se a fazer só duas sessões por dia. Os diagnósticos e receitas feitas em estado de hipnose eram de tal precisão e acuidade que os médicos desconfiavam ser um médico disfarçado de curandeiro. Mas ele continuou a ser fotógrafo, recusou-se a ganhar conhecimentos de medicina, nada lia e continuou filho de camponeses com certificado de estudos correspondente à 4ª. classe. Quando se insurgiu contra a estranha faculdade que possuía e quis desistir, ficou mudo.

James Andrews, magnata americano, foi consultá-lo e, entre outras drogas, prescreveu-lhe “água de salva”. Não conseguindo encontrar o medicamento, Andrews publicou anúncios nos jornais e em revistas médicas do mundo à procura da “água de salva”, mas sem resultado. Não conseguindo, Cayce ditou-lhe a sua composição, muito complexa. Dias depois, Andrews recebeu a informação dum médico parisiense: fora o seu pai, médico, que elaborara a água de salva, mas deixara de a fazer 50 anos atrás. A composição é igual à sonhada pelo fotógrafo!

Cayce casou, teve um filho. Este, ao brincar com fósforos, fez explodir um depósito de magnésio. Os especialistas disseram que a cegueira era total e propuseram extrair um olho. Cayce mergulhou na hipnose, recusou a extração e prescreveu a aplicação de pensos embebidos em ácido tânico durante 15 dias. Os especialistas acharam uma loucura, mas Cayce não cedeu e 15 dias depois o filho estava curado.

São inúmeras as prescrições dele que deixavam todos estupefactos, inclusive Cayce, como a receita de Codirom, um medicamento que não existia nas farmácias. Mas ele indicou a direção do laboratório, em Chicago. Ao telefonarem, receberam um: “Como é que ouviram falar do Codirom se ainda não está à venda, acabamos de elaborar a fórmula e de lhe dar o nome”?

Mas ele ficaria na história pela sua capacidade de prever o futuro. Foi assim ao prever a 1ª. e 2ª. Guerras Mundiais, a quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, o surgimento do nazismo, os conflitos raciais nos Estados Unidos, a morte de dois presidentes americanos a até a localização de poços de petróleo, enriquecendo alguns fulanos que o consultaram, sem ele nada beneficiar. Tendo todas as sessões sido registadas por uma estenógrafa, veio-se a verificar que das 14.246 leituras, só 200 estavam erradas. Até viria a acertar em cheio no dia e hora da sua morte …  

Interrogado no estado de hipnose sobre a sua forma de proceder, ele declarou, para não se lembrar de nada ao acordar, que podia entrar em contacto com qualquer cérebro humano vivo e de utilizar todas as informações contidas nesse cérebro ou cérebros, para o diagnóstico e tratamento de cada caso. Como é possível um fotógrafo da aldeia sem curiosidade científica poder funcionar como um médico de génio ou o espírito de todos os médicos do mundo, em simultâneo e no instante?

Ao conhecer a história deste homem, sobre o qual há documentação abundante e até instituições a tentar explicar tal fenómeno, tenho de me confessar surpreendido e até espantado. É caso para perguntar: “Como era possível”? E fica-me uma grande pena pela falta que neste momento faz, não a mim em especial, mas a toda a humanidade. Com a sua capacidade de utilizar todos os conhecimentos que circulam no mundo da mesma forma que alguém usa uma monumental biblioteca, quase instantaneamente ou à velocidade da luz, talvez fosse capaz de prescrever um remédio adequado para combater o Covid-19 e salvar milhões de pessoas deste flagelo que já virou pesadelo, para surpresa e espanto de todos, eu incluído … 

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