Importantes, mas invisíveis. Ou não…

Umas cuecas, que se dizem ter ficado esquecidas num hotel de luxo por Adolf Hitler, foram a leilão, tendo sido arrematadas por alguns milhares de euros. Só não sei se tinham bordado o monograma do ditador e, eventualmente, algum do seu odor corporal. A esse preço eu vendia todo o meu stock pessoal e ainda fazia um desconto de cinquenta por cento, promoção que já nem os supermercados são capazes de fazer. Mas não sou o símbolo do nazismo, nem de outro culto. E, confesso, comprar umas cuecas antigas, ao preço do ouro e fora de moda, eventualmente rotas e sujas, não é nada que esteja nos meus sonhos. Nem de perto, nem de longe… Nem para usar, nem para cheirar, nem para admirar a “coisa” como objeto de arte…

As cuecas, são a peça de roupa interior que protege as partes mais resguardadas de homens e mulheres. São a primeira barreira contra “despejos imprevistos” e a última defesa se “o castelo é assaltado”. Embora de eficácia muito duvidosa, tanto numa como noutra função…

Em miúdo, usava cuecas compridas e largas que me chegavam até ao joelho, feitas pela mão da senhora Emilinha, do Ferreiro, a costureira da minha mãe. Abertas à frente, fechavam com dois botões, se é que “fechavam” alguma coisa …

À medida que os anos e as modas passaram, o tamanho das cuecas foi sendo reduzido, tanto no comprimento como na largura, chegaram novos modelos havendo hoje uma multiplicidade tal que, como diz a publicidade da RTP, “o difícil é escolher”. Tudo depende do gosto, da ousadia e do exotismo. Pode-se optar entre o “slip” e o “fio dental”, os “boxers” e o “sungão”, entre o “fundoshi” e o “jockstrap”, para além do “samba-canção” e muitos outros. Também há variedade de cores, muito importantes quando as cuecas andam parcialmente à mostra…

Ao descobrir várias embalagens de cuecas no banco de passageiros do carro oficial da Prefeitura de Ribeirão Bonito, a Procuradoria do Brasil questionou o chefe do executivo, Chiquinho Campaner, para saber se o carro não estaria a ser usado para fins irregulares que não os autorizados da viatura oficial, face às peças de roupa interior ali encontradas. O Perfeito argumentou que as embalagens de cuecas andavam no carro por uma questão de segurança, para o caso de ter um desarranjo intestinal … Pelo que se sabe no município, nunca o tal Perfeito teve manifestações de “caganeira” pública …

Cá entre nós, não é do conhecimento público (pelo menos do meu) onde param as cuecas dos nossos políticos. Nem sequer interessa. Só se sabe que alguns têm feito muita m. . E tem sido tanta, que já nem estranhamos quando se descobre as “borradas” de mais algum. Podemos dizer que é natural, “tão natural como a nossa sede”, algo que já faz parte do nosso quotidiano … Noutros tempos, as cuecas eram uma espécie de “bastião”, a “torre de menagem” de proteção e último reduto onde se protegia o “poder” dos olhos inimigos sempre que a primeira defesa, as calças ou saias, caíam por acidente ou “ataque” intencional … Nesse objetivo, eram grandes, opacas e fortes, tal como a “torre” do castelo. Mas com o tempo e as modas, a “fortaleza” passou a mera decoração e enfeite, feito fio dental ou tira transparente que nada protege, nada tapa, mais feito “mel para atrair moscas” ou “enfeite para conquistar o inimigo” …

Para os supersticiosos, existem “cuecas da sorte” que fazem questão de usar em “momentos” de que se espera ser “bafejado” por ela. Não quero arriscar em dar grandes palpites de quais os “momentos” em que eles e elas consideram ser importante usar as “cuecas da sorte”, que mais não são do que as peças usadas à meia noite da Passagem de Ano. Será que a mudança do Ano Velho para o Ano Novo atribui poderes especiais às cuecas que trazemos coladas ao corpo por uma qualquer razão que a ciência não consegue explicar? E, afinal, qual a “sorte” que se pretende atrair? Arranjar alguém que ajude a comprar um saco delas? A lavá-las à mão? Ou a despi-las?

Sabe-se que a cor do artigo tem significado e que as cuecas vermelhas são sinal de paixão e amor. Se são cor de rosa, será pureza e beleza e as azuis, segurança e tranquilidade. Se as laranjas falam de conquistas, muito importante são as amarelas, a cor do dinheiro, da riqueza e da sabedoria. A ser verdade, meio mundo andava de amarelo canário e o outro meio … de amarelo torrado.

A variedade nas cuecas de mulher é tanta que, dizem os entendidos, existe um tipo para cada mulher. Das conservadoras às ousadas, das clássicas ás exóticas, das “fechadas a sete cadeados” às “abertas como um ouriço maduro”, das que “assustam” às que convidam, enfim, um mundo infinito de variedade. Se bem que, a “perspetiva” que muitos homens têm, pode ser um tanto “estranha”. Numa roda de amigos um deles contava que vira uma mulher esbelta, que todos conheciam, em cuecas. “E que tal”, perguntou a malta? “Como era ela”? Atrapalhado e como que apanhado em flagrante delito, conseguiu dizer: “De íntimo, não vi nada. Estava tudo tapado com as cuecas … “fio dental. Só vi o fio …”

As cuecas têm servido para alguns usos que nada têm a ver com o fim para que foram feitas. E não se sabe porquê (ou, se calhar, sabe-se), em muitas circunstâncias são o “bolso” onde alguns políticos do Brasil têm passado dinheiro sujo e em que as (e os) “strippers” aceitam que os (e as) entusiastas “enfiem” dinheiro em notas de certo valor. Por falar em sujidade, o entendimento desta é variável de povo para povo. As estatísticas dizem que na Irlanda do Norte, parte dos homens lava as cuecas uma vez por mês. Já dez por cento dos ingleses só lava depois de usadas sete vezes e duram entre quatro a dez anos. Por essa razão, o “fedor” é motivo para acabar com uns quantos relacionamentos. Dos portugueses não tenho estatísticas. Não sei se as usam uma ou dez vezes antes de as lavar. Uma coisa sei: se as cuecas tivessem “nariz”, ou morriam intoxicadas pelos gases que saem do “tubo de escape” que tapam ou habituavam-se ao cheiro e até podiam ficar “viciadas” e “dependentes” dessa “ganza”.

Num navio de cruzeiro uma senhora de 83 anos estava de pé junto da amurada. Com o tempo muito ventoso, segurava o chapéu para não lhe fugir da cabeça. Um cavalheiro inglês aproximou-se e disse-lhe: “Perdoe, madame, mas o seu vestido está a voar com o vento forte”. “Sim, eu sei”, disse ela, “mas preciso de ambas as mãos para segurar este chapéu”. O cavalheiro corou e exclamou: “Mas, madame, apesar das cuecas, a sua intimidade está exposta”. A mulher olhou para baixo e depois para o homem. Então sorriu e respondeu: “Senhor, qualquer coisa que vê, já tem 83 anos, ao contrário do chapéu, que o comprei ainda ontem”. Uma questão de prioridades …

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