Somos uma sociedade machista e, nós homens, fazemos questão disso. Não é de agora pois, noutros tempos, essa característica era bem mais marcante. A mulher “sabia qual era o seu lugar”: A tomar conta da lide de casa, das crianças e dos velhos. O homem ia para onde queria e “não lhe dava cavaco”… Aliás, todos faziam questão de se afirmar como “o homem da casa”. E, mesmo nesse tempo de condicionamento da mulher, muitas vezes não passava de conversa de tasco (eram mais do que os cafés), para se exibirem diante dos amigos, quando não de plateias maiores.
A D. Antónia era uma senhora. Pela amizade que sempre tive com os filhos, ia muitas vezes lá a casa onde era tratado como um deles. Apesar de ser adolescente, gostava muito das conversas e lições que me deu ao longo de anos. Entre outras coisas, recordo como ela fazia questão de afirmar que, quem mandava em sua casa, era o marido. Achava isso natural e fazia questão que continuasse a ser assim. O marido mandava, era o chefe. Dizia ela que ele era “a cabeça” da casa e não queria essa responsabilidade para si. Mas, fazia questão de afirmar também que ela era “o pescoço”… E, enquanto “pescoço”, fazia rodar a “cabeça” para o lado que mais lhe interessasse… Mas ele seria sempre “a cabeça”… Por alguma razão se diz que “por detrás de um grande homem, está sempre uma grande mulher”. Será?
Apesar da grande evolução que houve na chamada “igualdade de género”, todo o homem que se preza faz questão de se mostrar aos amigos como sendo “aquele que veste calças lá em casa”. Afirma mesmo que lhe cabe sempre a última palavra. E, na realidade, é mesmo assim. Quando a mulher diz “Não há mais discussão, este ano quero fazer férias no Algarve” ele, como “homem da casa”, diz: “Está bem, meu amor”… A última palavra foi ou não foi dele?
O homem vai às compras ao supermercado ou ao talho mas, quem decide o que é preciso comprar? É ela, claro. É ela que lhe entrega a lista das compras, que lhe dá algumas dicas a ter atenção como o prazo de validade ou o tipo de embalagem ou o alerta para não ser enganado. Ele não passa do “moço de recados” e o resto, é conversa fiada.
Se o homem anda bem ou mal vestido, a responsabilidade é sempre da mulher. No entanto, nem é uma mentira dizer que somos nós que compramos a nossa roupa. De maneira nenhuma. Porque é isso que acontece quase sempre. Mas, para falar verdade, quem escolhe… é ela. E ainda bem porque a maioria dos homens não acerta com aquilo que deve vestir, na combinação das calças com o casaco, da camisa com a gravata mais adequada. Eu sou um deles, mas não posso confessá-lo… Não fica bem a um homem…
Está a pensar ir de férias? Faz muito bem. Vá à agência de viagens, peça catálogos e conselhos, anote os preços. Procure na internet os destinos exóticos com que sonha há anos. E espere que a sua mulher “decida” para onde vão… Porque a decisão final, é dela. Mas, para não ficar mal no filme, alinhe nisso, finja que a ideia de ir para aquela praia que você detesta é sua. Se o seu desejo era fazer férias noutro local que não o escolhido por ela, só lhe resta tomar uma atitude: Mude de opinião e “engula o sapo”. Para seu bem É que todos os homens estão conscientes que é melhor mudar de opinião e aceitar a opinião dela, do que comprar uma briga de que, com toda a certeza, vão sair a perder.
Se vai comprar casa, preste bem atenção: O vendedor vai ser simpático consigo mas ele sabe que, quem ele precisa mesmo de convencer, é a sua mulher, apostando especialmente na cozinha e nas casas de banho. E no bom gosto dela. A partir do momento em que ela está rendida, então sim, só lhe resta a si dizer a última palavra: “Sim, meu amor”. E passar o cheque de sinal…
A mulher escolhe os alimentos, a roupa, os produtos que consomem, o carro e a mota, o tipo de festa que quer dar naquelas ocasiões especiais e até os produtos tecnológicos. E você? Tem sempre a última palavra a dizer… E essa ninguém lha tira. Nem ela…
Claro que há alguns machões que, não sabendo como contrariar esse poder da mulher, recorrem à violência física ou psicológica, descarregando nela as suas frustrações e os seus medos. Usam a força para se impor, para a anular mas, verdadeiramente, nunca chegam a mandar porque vivem isolados na sua prepotência.
Mas, em muitas casas de família de hoje, o poder não está no homem nem na mulher. Também não caiu na rua. Nesses casos, está entregue a pequenos ditadores aos quais o casal se sujeita por inteiro, quase sempre de forma ridícula e absurda: Os filhos. Tantas vezes são eles que verdadeiramente mandam lá em casa e ai de quem não fizer o que eles dizem. Os pais, são meros criados que existem só para lhes satisfazer as vontadinhas todas. “Quero aquele brinquedo”. “Quero ir ao concerto da Madona”. Quero aquele vestido para ir a um casamento”. “Quero um Iphone 7 e um Ipad” não sei quantos. É só um “quero” sem haver lugar a negociação ou contrapartidas. Quer porque quer e não tem discussão. Senão, vai haver uma birra, uma choradeira de morrer, uma ameaça de que vai sair de casa .
Meus caros companheiros de gênero. Para nosso bem, não devemos ter ilusões. Se há alguém que não manda lá em casa, com toda a certeza somos nós. Por norma, esse poder pertence às mulheres. E assenta-lhes que nem uma luva, até porque são mandonas por natureza. E não escondem a vontade de mandar. Mas, se não o fazem descaradamente, usam as artimanhas femininas: A choradeira, a sensualidade e até o sexo. E aí, ponto final, parágrafo. Todo o homem dito “macho” cede e faz tudo o que elas querem… Embora no café, diante dos amigos, continue a afirmar que é ele “que veste calças lá em casa”. E eles fingem que acreditam, em sinal de solidariedade… Porque na casa deles, o filme é o mesmo…