35 anos… É muito caminho…

Quem faz trinta e cinco anos é velho ou novo? Em tempo, são 12 783 dias, 1820 semanas ou 420 meses. E em espaço? Sim, há gente que “pensa fora da caixa” e substitui o tempo por… distância percorrida no constante girar da terra: Não diz que viveu um segundo mas que andou 465metros. Ou que percorreu 1 675 quilómetros (uma hora). Fazer trinta e cinco anos é motivo de comemoração. Para os casados, são as bodas de coral, que significam amadurecimento e fortificação do relacionamento. Para o CD, que também nasceu há trinta e cinco anos, já não é motivo de festa pois está em agonia no mercado musical. Já os GNR, a banda do Rui Reininho, comemoram esse aniversário “dando-nos música” (só o fui ver uma vez no Algarve, há muitos anos. A banda começou a tocar, Rui Reininho veio lá de trás a correr, deu um salto e… desapareceu. Acabou o concerto. As tábuas partiram-se e o Reininho aterrou debaixo do palco com algumas costelas partidas). Até Pinto da Costa assumiu a presidência do Futebol Clube do Porto vão três décadas e meia e foi um vendaval de títulos. Eu disse “foi”… Também pode haver tristeza no alcançar esta idade. Aos trinta e cinco anos, o campeão mundial de MotoGP Nicky Hayden, morreu num acidente. Ah, e se pensa engravidar mas tem trinta e cinco anos ou mais, deve ter em conta os factores de risco acrescidos. É por isso que já não engravido…

Em resumo, trinta e cinco anos é muito ou pode ser pouco tempo. Tudo depende daquilo a que se refere. Na vida de uma mosca é tempo demais, que nunca atingirá. Na de uma sequoia, é a infância. Mas, na vida de um jornal regional, é muito.

Não é fácil a um jornal de província sobreviver em termos económicos, na luta contra a crise, contra os aumentos de custos e a baixa de receitas. Por isso, o TVS está de parabéns. São merecidos. Associo-me nas felicitações. Já não gostaria de me ver na pele de diretor do TVS. Ter de matutar semana a semana em como preencher o jornal e, em simultâneo, assegurar a sua sustentabilidade, é obra. Daí que, no caso do aniversariante, trinta e cinco anos é muito tempo. É uma vida. Uma vida feita de notícias, informações, anúncios, artigos de opinião, avisos e até de publicidade encapotada. De bom material jornalístico que se lê com agrado, mas também de outro que basta ver o título para saber que é mais do mesmo. Uma coisa é certa: Se fosse noutros tempos, o jornal nunca perdia a sua função principal, fosse qual fosse a qualidade da informação: Na falta de papel higiénico, servia sempre para limpar o cu.

Até percebo que ao longo do tempo houve “espaços” que tiveram de ser preenchidos com material de recurso, colaboradores que se desejavam atirar abaixo da “camioneta” com esta em andamento mas que se tiveram de aguentar por conveniência. Se calhar, sou um deles. Dizem-me que ocupo muito espaço no jornal. Tenho de “me pôr a pau”… Como nunca tive a responsabilidade de dirigir um jornal (e nem espero ter), não consigo imaginar a dificuldade das muitas “curvas” do caminho na vida do jornal. E devem ter sito imensas (na última edição a “curva foi bem apertada”…).

Acredito que nestes anos de vida houve momentos com excesso de artigos e dificuldade em justificar o adiamento da publicação de alguns, o que terá ocasionado mal estar aos “escrevinhadores” mais sensíveis. Se fosse comigo, “atirava a albarda ao ar”. É que o que me pagam por artigo, é “bom demais”. Nestes anos de colaboração, já me pagaram dois jantares… Em contrapartida, terão existido outras ocasiões em que o diretor teve de “inventar” matéria para o jornal poder sair. Daí que, o jornal está maduro, bem adulto… Se fosse uma mulher, nunca iria atingir tal idade, por ser o limite psicológico. E queria ficar por aí durante alguns anos. Também foram trinta e cinco os anos de seca extrema na África do Sul que levaram os responsáveis de um parque a mandar matar trezentos e cinquenta hipopótamos e búfalos. Uma carnificina em nome da sobrevivência de outros…

Duas teorias estão confirmadas nestas coisas da idade: Na primeira, estudos provam que quem faz mais aniversários é mais velho, durou mais tempo… E na segunda, que os primeiros quinhentos anos são os mais difíceis…

Diz-se também que nesta vida tudo nasce, cresce, vive e morre, sendo que se vive o que se tem de viver. E o Jornal TVS vive e está vivo. E bem vivo.

Há quem afirme terem sido razões económicas a causa principal para introduzir no jornal algumas páginas centrais suficientemente “apelativas”. Ora, eu discordo. Aliás, “discordo em absoluto”. A meu ver, tal deveu-se a “critérios jornalísticos rigorosos”, à necessidade de “encher o olho” do leitor, que é determinante. Assim, a direção do jornal está de parabéns por ter tão “boa visão jornalística”, embora nalguns casos “a escolha do material” não seja a melhor…

Não posso deixar de realçar a afirmação de independência do jornal em relação aos poderes económicos e políticos, coisa que quase todos afirmam. No tempo em que tinha patrão, que era quem me pagava o ordenado, também eu gostava de me gabar ser independente dele…

Brincadeiras à parte, é hora de dar os parabéns ao TVS e lembrar as pessoas a quem se deve a sua existência. De trazer à memória o seu fundador, Manuel Afonso da Silva, homenageando-lhe o arrojo e coragem da “empreitada”, bem como à D. Orquídea sua esposa, a quem manifesto a minha maior consideração. Aos filhos, por lhes terem seguido o exemplo, continuando a dar vida a este jornal que nos fala um pouco do que nos é mais próximo. E a todos aqueles que se sentem ou sentiram um pouco parte do TVS, como trabalhadores, colaboradores, anunciantes ou outra coisa qualquer. Sem todos eles, não haveria jornal, e ainda bem que há. E já são 1 555 números… Uma vida de informação que também é um pouco de nós…

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