Na pizaria, uma jovem muito bem “aperaltada” acabara de comer uma fatia de piza quando outra se lhe dirigiu com manifestações de grande amizade. Depois de alguma conversa, a que acabara de chegar disse-lhe em tom elogioso: “As tuas unhas têm um brilho espetacular”. E ela, com ar surpreendido, respondeu-lhe: “Foi de ter comido a piza à mão…”
As unhas estão para as pontas dos dedos assim como o capacete está para a cabeça. São a sua proteção. E se os capacetes são motivo de alguma decoração, das unhas nem se fala, pois há muito se tornaram parte integrante de toiletes, afirmação de personalidades, conceito de modas, manifestação de excentricidades. Dão para tudo, até para roer…
Nunca lhes dei grande importância e, sinal disso, é que as corto regularmente e depressa sem cuidar de pormenores, apesar de uma mulher me ter dito há muitos anos que, a primeira coisa para onde olhava num homem era para as unhas. Curiosamente, eu também… se estiverem pousadas nalguns sítios…
Bom, para muito boa gente são muito úteis na… limpeza do nariz. São uma espécie de “enxada” pequenina, jeitosa, muito usada para arrancar as ranhetas secas que ficam agarradas no interior da “penca” e que resistem ao “tufão” das assoadelas. E o dedo, geralmente o indicador ou o polegar, penetra pelo nariz acima rodopiando para um lado e para o outro, até a galeria ficar livre do “entulho”, puxado para fora bem agarrado à unha. E dá para enrolar, enrolar, até fazer uma bola…
Diz-se que determinado político um dia entrou no gabinete de um ministro e viu-o de gatas, junto à secretária, à procura de qualquer coisa. Como correligionário e amigo, perguntou-lhe: “Perdeste alguma coisa”? Ele levantou a cabeça com ar triste e disse: “Perdi uma bolinha”. Quando o político se ia agachar para procurar também, o ministro levantou-se, meteu o dedo no nariz retirando um “macaco” e, enquanto o esfregava entre o polegar e o indicador, acrescentou: “Não te preocupes, eu faço outra…”
Na minha adolescência era comum os homens deixarem crescer as unhas dos dedos mendinhos cerca de um centímetro ou mais, moda a que nunca aderi. Para além de servirem de pequenos depósitos ambulantes de lixo, tinham como função principal chegar bem fundo… para retirar a cera dos ouvidos. E durante muitos anos foram as percursoras dos médicos otorrinos, assim como os barbeiros o foram dos dentistas.
Desde há muitos séculos as mulheres cuidam e pintam as unhas, desejando sempre ser diferentes, únicas. Já Cleópatra o fazia pintando-as em vermelho vivo, com a particularidade de proibir todas as conterrâneas do Egito de as pintar naquela cor, sendo condenada à morte quem prevaricasse. Pelos vistos, o desejo dos exclusivos já vem de longe…
As unhas propiciam muitas pessoas a excentricidades, algumas que nos deixam muitas perguntas no ar. Por exemplo, a mulher que é tida como aquela que tem as maiores unhas do mundo é Chris Walton, uma americana que nas duas mãos carrega mais de seis metros dessa cobertura da ponta dos dedos, que mais parecem raízes de árvores retorcidas. É caso para as tais perguntas: “Como se arranja, se veste ou faz qualquer trabalho manual se tem aquelas “meadas” nas mãos?” “E como é que se coça?” Ou será que anda sempre acompanhada de alguém que tem a “missão” de a “coçar”? Sim, porque também são importantes para nos coçarmos. Quem não gosta de uma boa coçadela?
Há muitos anos o pai da doutora Isabel foi almoçar a um restaurante seu conhecido. Quando chegou a altura de pedir a sobremesa, chamou o empregado, novato, e disse-lhe que queria uma laranja. – Com casca ou sem casca? – perguntou-lhe o rapaz. “Descascada, se faz favor”, respondeu de pronto. O empregado foi para a cozinha e demorou mais tempo do que seria normal. Já estava a ficar incomodado com a demora quando ele voltou e, com ar atrapalhado, lhe perguntou: “O senhor desculpe, mas não se importa de descascar a laranja? É que eu bem tentei mas, como não tenho unhas, não consegui descascá-la…”
Para dar razão ao provérbio “quem tem unhas toca guitarra” já houve tempos em que deixei crescer as da mão direita para tocar tal instrumento, o que deixou de ser necessário desde que apareceram as palhetas. Mas o provérbio ficou, com um sentido mais geral de afirmação da necessidade de outro tipo de “unhas” para tocar outro tipo de “guitarras”. E mantem-se bem atual.
Há uma pergunta que se coloca muitas vezes: Porque será que toda a mulher que acaba de arranjar as unhas perde a chave dentro da bolsa?
Julgo não ser “um unhas de fome”, nem costumo “roer as unhas”, mas aconselho que devemos agarrar os nossos sonhos “com unhas e dentes”. Mesmo que não estejam pintadas…